Como sendo um dos alpinistas portugueses mais conhecidos e que tem levado o nome de Portugal por esse mundo fora, tem tido apoio suficiente por parte das entidades públicas nas suas viagens?
Sem dúvida que tenho tido uma desvantagem em relação a outros desportos representados por federações junto do Estado. O modelo instaurado tem mecanismos para detectar talentos desportivos e apoiar aqueles que representam o País internacionalmente mas vejam bem que não foi por falta desse apoio que deixei de chegar onde cheguei. Foi apenas mais uma dificuldade que com paixão, dedicação e honestidade consegui ultrapassar!
Escalo as montanhas mais altas do Mundo por ser uma actividade difícil. Escalo montanhas porque em tenra idade descobri que o alpinismo é um desporto justo, que só atinge o topo quem se esforça, não quem tem muito equipamento ou quem tem antiguidade mas sim pelo esforço, honestidade e dedicação. Continuo a escalar montanhas pois esta é a minha forma de expressão e ao continuar a superar-me a mim próprio, continuo a crescer como pessoa.
Noutros desportos o objectivo é vencer; no alpinismo a nossa vitória é dar o nosso melhor e regressar bem. O topo é a cereja no cimo do bolo…
Assim, o que me motiva chegar ao topo é simplesmente querer aproveitar a minha vida.
De que modo é que o enfrentar de grandes cadeias montanhosas, e o espírito de sacrifício que é característico dos riscos que corre, podem servir como um exemplo para que os nossos políticos possam transpor as dificuldades que o nosso país atravessa?
Como exemplo de alguém que sempre superou os seus muito dificeis objectivos.Em tempo de crise e num Portugal, cada vez mais negativo e resignado à crise. Que conselho dá aqueles que sao optimistas e querem mudar esse tipo de mentalidades?
Uma das suas qualidades é sem dúvida a coragem que imprime nas suas aventuras (expedições). Considera que essa é uma das qualidades que falta, em geral, à sociedade portuguesa para levantar a cabeça e superar esta crise não só económica e financeira, mas também social e de valores?
Ao longo das suas expedições tem sentido, com o passar dos anos, alterações nas paisagens do nosso planeta? Se sim, sente que essas alterações são consequência das alterações climáticas e das atitudes da humanidade?
No que respeita à aversão ao risco, o João Garcia parece ser um português atípico. De que forma considera que podemos mudar a mentalidade dos portugueses para que não tenham medo de arriscar?
Como alpinista, teve o desejo de subir montanhas e alcançar sonhos e vontades pessoais.
Como Português que é, qual o conselho de coragem que pode dar aos jovens que neste momento olham para uma enorme montanha de dificuldades profissionais, vislumbram um caminho possível de ser percorrido, mas não sabem quando irão alcançar o sonho do cume e concretização pessoal?
Numa altura em que a conjuntura actual não permite uma grande aposta no desporto de alta competição, qual considera ser o papel das federações para tentar minimizar esta situação e conquistar uma situação de maior autonomia?
Acha que a política portuguesa se deveria assemelhar ao alpinismo, tomando maiores riscos, e tomando decisões mais agressivas, de modo a "chegar mais longe"?
Sendo um especialista em cumprir metas, um exemplo de sucesso e modelo a seguir (deixando, desde já aqui, uma palavra de grande admiração), o que considera que falta a Portugal para alcançar o cume das suas Montanhas e ultrapassar todas as suas adversidades?
No seguimento da conferência de hoje de manhã, sobre ambiente e energia e o que temos de decidir já sobre isso, e tendo em conta que poupar recursos será com certeza um ponto chave nas suas dificílimas ascensões, que conselhos nos pode deixar para reduzirmos os nossos gastos?
Sabendo que o João Garcia é um amante da natureza, e sendo este o seu espaço de aventura, considera que o país com também a Europa, estão ameaçados ambientalmente e que consequências poderá ter nas suas actividades de montanha?
Gostaria no seguimento de uma frase que disse, "A montanha não é o obstáculo, a montanha é o caminho", perguntar se este espírito também não deve ser o espírito de Portugal e dos Portugueses no sentido de não ir sempre pelo facilitismo mas pelo contrário trabalhar arduamente para conquistar novos picos tal como o fez no alpinismo? E em jeito de brincadeira, (como sou dos Açores) já subiu a maior montanha de Portugal, ou seja , a ilha do Pico com 2351 metros de altura? Obrigado e bem haja.
O desporto em Portugal padece de um mal, que todos nós sabemos que existe, mas todos nós ignoramos. Se o desporto é o futebol, há apoios, se é outro qualquer, menos conhecido ou que gere menos receitas, então os recursos começam a ser escassos. Desta forma, qual a motivação para aqueles que ainda sem recursos, lutam para levar o nome do nosso país mais longe? Ou mais alto? Teremos nós um país que reconhece os que são lá fora reconhecidos?
João, que tipo de treino faz a baixas altitudes para manter uma saturação de oxigénio adequada a altas altitudes? Não acha que os alpinistas que vivem a grandes altitudes estão em vantagem?