Sendo os "Jovens" umas das causas que defende no parlamento europeu, acredita que Portugal está num bom caminho para fixar os seus jovens ou o futuro passará pela emigração?
Portugal atravessa tempos difíceis. A Europa encontra-se numa encruzilhada e os próximos meses serão cruciais para o futuro de Portugal e da Europa. No entanto, acredito que estamos no bom caminho pois estamos a aplicar as políticas certas (rigor nas contas públicas sem esquecer o investimento de qualidade).
No Parlamento Europeu, a política de juventude (educação, formação e transição do sistema de educação para o mercado de trabalho) tem sido uma das minhas bandeiras. Na qualidade de membro da comissão especial para as perspectivas financeiras após 2013 e da comissão dos orçamentos, realizei uma série de emendas ao relatório que define o orçamento comunitário para o período de 2014 a 2020. As emendas foram no sentido de incluir a educação e as políticas de juventude como prioridades no quadro financeiro plurianual, as quais foram votadas positivamente e estão reflectidas no relatório do Parlamento Europeu.
O relatório do Parlamento Europeu define as áreas de financiamento prioritário e propõe um aumento global de 5% para o futuro orçamento da UE de 2014-20. A proposta da Comissão Europeia, por sua vez, está em linha com as prioridades políticas do Parlamento e quantifica as verbas a atribuir a cada área estratégica. Os números falam por si. Em comparação com o orçamento de 2007-2013, ainda em vigor, a Comissão apresenta propostas ambiciosas, quer para a ciência e inovação quer para a educação. No primeiro caso o aumento proposto é de 46% e no segundo de 68%.
O exemplo dado pelas instituições europeias de aposta clara nas políticas da juventude deverá ser seguido por todos os Estados Membros, mesmo aqueles em dificuldades. Estes deverão continuar a apostar na educação e na ciência de modo a preparar a saída da crise com mais crescimento e emprego proporcionando aos jovens um futuro melhor.
A aplicação de um "plano Marshall à Europa é uma realidade? Em que moldes?
Na Declaração de 21 de Julho, no final da reunião de Chefes de Estado e de Governo da zona euro, os líderes europeus apelaram a uma estratégia global tendo em vista o crescimento e o investimento e convidaram a Comissão Europeia e o Banco Europeu de Investimento a reforçarem as sinergias entre os programas de empréstimos e os fundos da União Europeia em todos os países que recorreram à assistência da UE/FMI. Revestiu-se de particular importância a decisão de aumentar as taxas de co-financiamento europeu, como medida temporária para melhorar a capacidade de absorção dos fundos da União Europeia por parte dos países em causa, na convicção de que tal alteração constituirá um estímulo importante ao crescimento da economia e do emprego nesses países.
A designação de “plano Marshall do tipo europeu” foi atribuída pelo Presidente da Comissão Europeia, Dr. Durão Barroso, durante a conferência de imprensa após a reunião de dia 21 de Julho. Tal designação poderia conferir maior unidade ao conjunto das medidas aprovadas, mas não apareceu na declaração final da reunião.
O facto de a Declaração final da reunião não fazer referência explícita a um plano do tipo Marshall não ajuda a definir os verdadeiros contornos e articulação das medidas anunciadas. No entanto, o ponto crucial não é a designação, mas sim a atitude decidida, a articulação das medidas e a implementação célere das medidas propostas.
Todas as medidas que foram anunciadas - aumento do co-financiamento europeu e adiantamento dos fundos - são condições sine qua non para que o nosso país possa ultrapassar as suas dificuldades. Mas por muito bem arquitectados e por muito generosos que os apoios sejam, de pouco valem se as estruturas que estão no terreno, por exemplo as pequenas e médias empresas, não os conseguirem absorver de forma a tirarem partido deles no curto e no médio prazo. Por isso o acesso aos apoios deve ser simples, rigoroso, célere e adaptado às prioridades do país.
A Declaração de 21 de Julho revela que os líderes dos países europeus desejam encarar de frente os problemas da Europa. Resta-nos esperar que as suas preocupações se foquem em agilizar os procedimentos indispensáveis à concretização dos apoios anunciados - condição inalienável para o sucesso do plano Marshall europeu.
Numa altura em que a UE se encontra com imensas dificuldades, e em que os principais decisores políticos, se têm demonstrado cada vez mais intransigentes naquilo que querem, enquanto euro deputada, sente de alguma forma que o trabalho de deputados de países como Portugal, Grécia, Irlanda, Espanha, etc., no Parlamento Europeu, seja descredibilizado?
Até que ponto a demora da UE em tomar uma decisão concreta acerca da crise que a UE atravessa se prende com a relativa proximidade de eleições em França e Alemanha?
Um estudo da Universidade de Yale diz que os efeitos económicos do aquecimento global podem levar o mundo à bancarrota. Terá o mundo acordado tarde de mais para esta realidade?
Como voz activa da JSD e dos jovens portugueses no Parlamento Europeu, gostaria de saber o que pensa que deve ser feito a nível europeu para colocar os jovens portugueses na vanguarda europeia e a competir com os que se encontram mais no "Central Business District" da Europa (como os jovens da França, Alemanha, etc.).
Pelo trabalho que desenvolveu no âmbito do Ensino Superior e da Ciência, conciliada agora com a sua experiência no Parlamento Europeu, qual julga ser a maior lacuna no sistema português para o deficiente aproveitamento dos jovens qualificados que o país abarca, em contraponto com outros países da Europa?
Gostaria de saber de que forma e se seria possível a Portugal devido à sua posição geográfica, investir nas "auto-estradas" energéticas? Ou, quais as áreas que pensa convenientes a apostar ao nível da produção industrial para o futuro?
No balanço do exercício no Parlamento Europeu do ano transacto refere que foram revistas as prioridades para as infra-estruturas energéticas para a península ibérica. Visto que Portugal importa energia a um custo elevado, que politicas e infra-estruturas estão as ser ponderadas entre Portugal e Espanha para produção, transporte e distribuição de energia?
Apesar de se verificar uma maior participação das mulheres na actividade política, qual considera ser a principal razão para que ainda não existam muitas mulheres a ocupar lugares de liderança?
Numa Europa marcada por um "austeritarismo" permanente, como delinear uma estratégia devidamente consensualizada entre todos os actores políticos e sociais, que obste a um desinvestimento na educação e na ciência?
De que forma enfrentaria uma situação no Parlamento Europeu de discussão e debate de uma proposta que acabasse por ser favorável à generalidade da União Europeia, mas que de algum modo prejudicasse um pouco o nosso país, com as respectivas repercussões daí inerentes?
Qual a sua opinião da valorização do voluntariado jovem a nível europeu, com um modelo comum de validação e certificaçao da experiência de voluntariado?
A União Europeia tem-se debruçado com a preocupação ambiental, apontando metas para cumprir em 2020 e 2050.
Como tal, não considera que essas metas seriam cumpridas de forma mais célere, caso houvesse uma maior sensibilização para a preservação do ambiente? Ou então mais incentivos que levassem a população à consciencialização que precisamos?
Tendo sido ministra da ciência e do ensino superior, qual a sua avaliação do sistema de distribuição de bolsas ao ensino superior? Deveria ser revisto e reformulado, ou trata-se de um sistema eficaz?
Há, em Portugal, preparação universitária de qualidade equiparada à dos restantes Estados-membros na área das Ciências e Tecnologias que permita, num futuro próximo, apostar com êxito na inovação e desenvolvimento?
Aproveitando os seus recortes de imprensa, existe uma frase que gostaria de ver comentada: "Levar a cabo a receita da 'troika' é o melhor para os países em dificuldades na zona euro recuperarem de golpes como o que a Moody's deu a Portugal e Irlanda, ao reduzir o 'rating' para 'junk' ("lixo")".
Uma vez que como é natural, "cada vez que os EUA espirram a Europa constipa-se", o Downgrade do rating EUA de triple A para AA, não levará a um colateral no rating da Europa, nomeadamente Portugal?
Pela sua experiência enquanto deputada do Parlamento Europeu, acredita que a Universidade da Europa será um complemento desta nossa Universidade de Verão?
A União Europeia tem como um dos seus principais objectivos rivalizar com os Estados Unidos da América, devido à situação actual, acha que países que atravessam grandes crises económicas e sociais, como é o caso de Portugal e Grécia, podem prejudicar esta abordagem?
Quais serão os principais incentivos que a U.E. acredita que os seus Estados Membros deverão dar as P.M.E à beira da ruptura, mas que são as principais geradoras de riqueza e crescimento económico.
Sendo mulher e deputada, acha que a existência de quotas para as mulheres na vida politica, é benéfico para as próprias mulheres ou será forçar uma participação que deveria ser por mérito das próprias mulheres?
Perante os desafios que se têm colocado perante os vários estados membros de União Europeia e a ameaça ao projecto Europeu, considera o Federalismo na União Europeia é a resposta adequada para a Europa se reinventar e ultrapasar os obstáculos que se lhe colocam?
Considera que a aposta de Portugal nas energias renováveis constitui a melhor e a mais efectiva forma de alcançar a independência energética? Se sim, qual das energias renováveis pode aportar uma vantagem comparativa para o nosso país?