Não deve Portugal seguir exemplos como o Alemão, ou inclusivé o Espanhol, e apostar fortemente num nível de ensino intermédio em detrimento do ensino superior?
Não vejo que as duas políticas sejam contraditórias. Deve-se apostar num ensino intermédio profissionalizante, de maneira a formar jovens em profissões técnicas muito necessárias. Mas isso não irá prejudicar o desenvolvimento do ensino superior.
Acabei agora o 12º ano e, infelizmente, tenho vindo a dar conta que o rigor e a exigência do ensino (escola e professores) é cada vez menor, na minha opinião. Como podemos inverter esta tendência e, consequentemente, melhorar os resultados nacionais nos exames finais?
Há muito a fazer. É preciso tornar os programas mais exigentes, melhorar a avaliação, estruturar melhor os currículos e difundir uma atitude mais exigente em toda a sociedade.
Qual entende ser a principal função ou prioridade do ensino superior: satisfazer as necessidades do mercado de trabalho ou permitir o acesso ao ensino a quem se queira enriquecer intelectualmente? E faz sentido diminuir ou aumentar as vagas dos cursos?
A identificação dos problemas é o principal "passo" para encontrar soluções. Actualmente, quais os problemas mais relevantes que a educação atravessa no nosso país?
Porque é que os alunos que querem ingressar em Medicina não podem usufruir de preferência regional, tal como a maioria dos outros candidatos aos diversos cursos no ensino superior público? Não deveria ser uniformizado este processo?
Considera que o sistema de ensino português precisa de uma revolução que permita a substituição do "facilitismo pela exigência", tal como defendeu o Dr. Paulo Rangel em 2010?
De que forma podemos reformar estruturalmente a educação, sabendo que, na sua maioria, as medidas que terão efeitos duradouros só se notarão passados 10 anos?
Ao passar do Ensino Secundário para o Ensino Superior, senti uma enorme diferença nos níveis de exigência. Gostaria de saber aquilo que pensa fazer para que haja uma maior aproximação entre os dois níveis de Ensino.
É conhecida a sua vasta intervenção cívica na área da educação. A sua entrada para um elenco governativo foi definida por decisão pessoal ou pela existência de convites?
Um dos grandes investimentos do anterior governo foi a aposta em parcerias com universidades estrangeiras nomeadamente norte-americanas. Atendendo aos elevados custos que estas parcerias acarretam, pergunto se se inclui nos planos do actual governo continuar com estes programas ou se não seria mais benéfico utilizar estes fundos na (re)qualificação das Universidades Públicas Portuguesas.
A orientação seguida por governos anteriores, de retirar os grandes autores portugueses (um exemplo paradigmático: Camilo Castelo Branco) dos programas escolares, irá manter-se? Ou será seguida uma estratégia diferente, desrespeitando os "diktats" pós-modernos que perpassam, em grande medida, a reflexão actual sobre a escola?
Constatando que os Institutos Politécnico duplicam, em varios casos, cursos já existentes nas Universidades. Não deveriam estes cursos ser eliminados de forma a criar a oportunidade para dar seguimento, por exemplo, aos cursos profissionais, leccionados no Ensino Secundário?
A escola funciona como local de ensino mas também de formação de jovens para a sua vida futura de responsabilidades. Não se está a cometer o mesmo erro que no Reino Unido? Em que se diminuíram as responsabilidades sobre os alunos assim como pela TI a relação entre pessoas (professores - aluno) dando origem a maus alunos. Falo por exemplo de substituição ou a criação, cada vez mais, de uma novo tipo de escola prisão.
No início do ensino primário, existe um conjunto de matérias que é transmitido aos alunos para futura aprendizagem. Não considera que a Educação Musical deveria fazer parte desse conjunto de matérias logo no 1ºano do ensino primário, pugnando assim por um maior desenvolvimento intelectual do aluno?
Porque é que a selecção dos livros escolares, dos mesmos anos, varia entre escolas? Porque é que não é feita uma escolha nacional que acabe com os interesses das editoras, e que acabe com os desperdícios de dinheiro, por parte dos alunos, caso mudem de escola, quando os programas das disciplinas são os mesmos, os livros abordam as mesmas matérias, mas só os livros é que variam de escola para escola?
Tendo em conta que o Desemprego jovem em Portugal é o 4º maior da União Europeia segundo o UROSTAT, situada nos 28,1% até aos 25 anos , então porquê continuar a abrir e até a aumentar as vagas em cursos que aposteriori não mostram qualquer saída profissional em Portugal?
Qual a sua opinião acerca da lógica e justiça de uma decisão tão marcante e significativa para o futuro de um indivíduo quanto à decisão do agrupamento a seguir na entrada para o Ensino Superior, tendo em conta a imaturidade e diminuta experiência de vida característica da idade em questão?
Tendo em conta a média dos últimos anos nos exames nacionais no campo da matemática (p.e.), não duvidando dos conhecimentos dos professores sobre a matéria leccionada, a mudança nos objectivos, exigência e métodos de leccionamento não será a grande reforma que este campo necessita?
Fará sentido a existência de 17 Faculdades de Direito em Portugal (das quais 10 são privadas e algumas levantam sérias dúvidas quanto à qualidade do ensino), permitindo a entrada anualmente de cerca de 1500 alunos quando é evidente o excesso de mão de obra nesta área?
Concorda que o crescente número de cursos sem empregabilidade criam demasiadas falsas expectativas de emprego às famílias e aos jovens? Se sim, está prevista a criação algum organismo que avalie de forma isenta e inquestionável o número de vagas a abrir em cada ano para cada curso? Em que moldes e para quando?
A educação é provavelmente a área em que as políticas implementadas demoram mais tempo a dar fruto. De que forma podemos tornar as medidas de educação mais imunes às alterações cíclicas de 4 em 4 anos?
Quais as medidas a tomar, para combater o facilitismo que se depara no nosso sistema de Educação (propriamente no Ensino Básico e nos Exames Nacionais)?
Com a crise e a situação complexa em que vive a população portuguesa, as dinâmicas da população jovem portuguesa não devem ser estimuladas ou impulsionadas pelos seus docentes? Isto é, deve haver uma conformização de linhas directrizes entre o Ministério da Educação e os documentos / respectivos sindicatos?
Considera que hoje existe um ensino mais facilitado em Portugal? E de que forma é que o Jovem Português será visto perante os países Europeus, atendendo a este facilitismo?
Ao nível do pessoal docente para mim a avaliação de desempenho docente é o menos… O mais grave e injusto é o facto de um professor contratado com um ano de serviço estar no mesmo índice remuneratório (151) que um professor contratado com 20 anos de serviço. Ora se segundo um contrato a termo certo, quando renovado pela 3ª vez passa a ser efetivo, porque é que isso não acontece com os professores contratados?
Eu sonho com um ensino com mais exigência, em que o professor tivesse mais autonomia e autoridade na escola. Seria, assim... um ensino com mais qualidade e resultados. E a forma de combater o facilitismopoderia ser seria a realização de exames nacionais a todas (ou quase todas) as disciplinas. Seria uma forma de responsabilizar quer os professores, quer os alunos, quer os próprios encarregados de educação. Quais as estratégias para uma politica educativa que vincule o professor á sua função... ensinar e o aluno à sua, aprender e respeitar?
Dr. Nuno Crato, como é que o governo pretende resolver os problemas científicos que ocorreram nos exames nacionais do ensino secundário, nomeadamente a Biologia e Geologia na segunda fase do passado ano lectivo? Será que a associação de professores de Biologia, juntamente com o governo não consegue dar os justos 5 valores aos alunos na tão mediática questão?
Por vezes temos a sensação de que Educação/Escola Pública é uma utopia. Será a privatização da gestão das escolas públicas uma das oportunidades viáveis de dotar, finalmente, o nosso país de uma educação pública eficaz e capaz de oferecer aos nossos alunos uma escola de qualidade e rigor?
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