Caro Dr. Tomaz Morais, temos na
Universidade de Verão a tradição de começar os jantares com um momento
cultural: a leitura de poemas pelos alunos que integram este curso.
Nesta noite essa leitura cabe aos
grupos Bege, pelo David Pereira de Castro, e Cinzento, pelo André Couceiro.
[David Pereira de Castro leu "Além
Tédio”, de Mário de Sá Carneiro; André Couceiro leu "Se”, de Rudyard Kipling]
Filipe Sanches
Caros Colegas, senhor "reitor”
Carlos Coelho, Dr. Tomás Morais, restantes presentes, coube ao Grupo Laranja,
na minha pessoa, a honra de fazer o
brinde neste último jantar conferência da nossa UV 2011.
Queria, antes de mais, agradecer a
disponibilidade do Dr. Tomás Morais em ter vindo partilhar connosco os seus
conhecimentos e experiências, sobejamente conhecidos de todos nós.
Mas, neste último jantar, não
posso deixar de exultar e agradecer o trabalho árdua e a dedicação de toda a
equipa da organização que nos proporcionou esta semana fantástica em que todos
nós, sem excepção, aprendemos muito, com provas de fogo constantes que, sem
dúvida, aceleraram o processo de aprendizagem.
O convidado a quem brindamos neste
momento é o exemplo das melhores características que um homem pode ter na
sociedade civil e que qualquer político pode e deve seguir.
O Rugby é um
jogo de dureza física e mental, características partilhadas pela política. O
Rugby é também um jogo disputado por cavalheiros.
E é a esta qualidade - o
cavalheirismo na política – bem como às senhoras e cavalheiros de hoje, mas
principalmente aos de amanhã, que eu quero dedicar este brinde.
E, tendo em conta que se trata do
brinde final desta UV, Viva o Dr. Tomás Morais, Viva a Universidade de Verão
2011, Viva a JSD e Viva sempre e sobretudo Portugal!
Vozes
Viva!!!!
Dep.Carlos Coelho
Senhor Dr. Tomaz Morais, senhor
Presidenteda JSD, senhor deputado
Nuno Matias, senhores conselheiros, senhores avaliadores, minhas senhoras e
meus senhores, este é o último jantar-conferência desta Universidade de Verão e
trazemos um homem especial.
Como foi recordado, o Dr. Tomaz
Morais entrou-nos pela casa dentro ainda há pouco mais de um ano com um
trabalho fantástico no Rugby e criou num desporto que está longe de ser dos
mais partilhados e conhecidos da opinião pública portuguesa, uma sensação de
partilha, uma comoção nacional verdadeiramente invulgar.
Como é que se chegou a isto? Como
é que isto se faz? O que é que aconteceu? Todos os observadores – eu não que de
Rugby não percebo nada – apontaram o dedo e disseram "há aqui um seleccionador
nacional que faz toda a diferença!”.
Quando nós convidámos o Dr. Tomaz
Morais tínhamos uma dúvida: sobre que tema poderia vir falar-nos? De Política?
De Desporto? De Liderança e Motivação? Ele é um cidadão como todos nós, tem
ideias sobre como a sociedade se deve organizar, é um perito em Desporto, não
apenas como seleccionador, mas também como professor, mas é um exemplo vivo de
que com liderança, com motivação, com organização, aquilo que parece impossível
se pode fazer. E recordo-vos aquilo que vos dizia ainda ontem, a propósito
daquela ideia de que se nós queremos mudar o mundo, se queremos mesmo mudar o
mundo, temos a capacidade de o fazer, se tivermos vontade, se tivermos força e
se soubermos trabalhar de forma solidária. Como o Filipe recordou, ainda agora,
aquilo que nós fizemos esta semana, fizemo-lo em conjunto, organização e
participantes, estiveram aqui 120 pessoas a trabalhar conjuntamente e todos os
jornalistas que nos acompanharam ao longo da semana e que mandaram lá para fora
imagens sobre a Universidade de Verão, não disseram que estiveram uns meninos
de laranjinha a descansar no hotel, que andaram a nadar na piscina, que andaram
a passear pela região, que andaram a gozar tempos livres. Não! Os jornalistas
não puderam deixar de dizer aquilo a que assistiram: o rigor no trabalho que
vocês fizeram, o exercício de responsabilidade que manifestaram e a vontade que
revelaram de ter um compromisso cívico mais forte.
O nosso convidado de hoje tem comohobbies a actividade física e ler;
tem como comida preferida o Gelado; o animal preferido é o pet de estimação da maioria, o cão; o livro que nos sugere é
"Vontade de Vencer” de Lance Armstrong com Sally Jenkins; o filme que sugere,
um grande filme, é "O Gladiador” e a qualidade que mais aprecia nos outros é a
Honestidade.
Dr. Tomaz Morais, cabe-me o
privilégio de fazer a primeira pergunta e ela é muito simples, V. Exa é um
homem do Desporto, mas é, como disse há pouco, um homem que nos mostrou como
através de motivação e liderança se consegue chegar mais longe e a pergunta é
muito simples: que conselhos daria a estes jovens que querem fazer a diferença
e que serão líderes amanhã?
Minhas senhoras e meus senhores,
no último jantar-conferência da Universidade de Verão 2011, um exemplo, o Dr.
Tomaz Morais.
[APLAUSOS]
Tomaz Morais
Muito boa noite a todos.
Em primeiro lugar, aos jogadores e
jogadoras, são sempre eles que nos dão as alegrias, são sempre eles que nos
fazem sentir muito bem, muito bem mesmo, quando ganhamos, e são eles que nos
confortam quando às vezes não conseguimos ganhar. Sou informal, porque sou
desportista, os desportistas têm a vantagem de ter alguma informalidade, foi
sempre para eles que tive as primeiras palavras desde o primeiro momento em que
estive à frente deles.
Aquilo que primeiramente vou fazer
é agradecer o convite. É para mim muito honroso. É a minha primeira aparição
junto a uma força política, nunca tinha estado até então, sempre que tinha um
convite político fugia a sete pés, portanto sou um homem de medo acima de tudo.
Por isso quando tenho convites, digo "prefiro
ser pisado, prefiro ser placado, triturado, rebentem-me as poucas vértebras que
tenho, mas Política não”. Mas desta vez achei que o estava a fazer por
Portugal, que o estava a fazer num momento difícil, fui ler um bocadinho sobre
a Universidade de Verão e sobre o convite que o "reitor” Carlos Coelho me tinha
feito e sobre a honrosa obra que estava aqui em Castelo de Vide e da qual vocês
são a força viva e disse "tenho de ir,
tenho que ir e é um grande orgulho”. Acima de tudo é por Portugal e estou
aqui porque vocês são Portugal, não tenham dúvida nenhuma.
[APLAUSOS]
Não estou cá para receber palmas,
não venho por palmas, venho para aprender, para vos ver. Quero aproveitar esta
minha aparição junto da força política que nos tutela e nos lidera neste
momento, também para passar as minhas ideias. Eu faço pouco, podia fazer mais,
até porque tenho alguma exposição pública, mas sou acima de tudo construtivo e
esse é o primeiro grande exemplo que eu vos posso dar – respondendo à pergunta
inicial que me foi feita - sejam construtivos enquanto líderes, vocês são os
líderes de hoje, não é de amanhã, vocês lideram-se a vocês próprios, essa é a
primeira característica que temos de ter enquanto líderes é sabermos
liderar-nos a nós próprios.
Se não sabemos estar connosco, se
não sabemos quem somos, não podemos jamais estar à frente de uma equipa, a
equipa não vai andar, a equipa não vai caminhar e vai parar sistematicamente. A
equipa parará, ao primeiro obstáculo, à primeira crise. Palavra tão engraçada,
tão na moda... para mim não vale nada, para mim a palavra crise não tem
significado absolutamente nenhum, vivi a vida sempre, toda, em crise, toda,
toda, toda. Aos seis anos ia para a escola de manhã, trabalhava à tarde, aos
doze anos ia para a escola de manhã, trabalhava à tarde, aos catorze ia para a
escola de manhã, trabalhava à tarde e ia para os treinos da selecção nacional
ao final da tarde e chegava a casa à meia-noite, todo satisfeito.
Nunca refilei, nunca tive com quem
refilar, portanto crise não faz parte, crise é aquilo que nós queiramos que
seja, não tenho dúvida nenhuma, eu não tenho dúvida nenhuma na prática e
transmito-o em casa.
Acima de tudo, o segundo conselho
que vos dava como líderes de amanhã que sejam vocês próprios: o maior defeito
num líder é quando tenta copiar, o maior defeito de um líder é quando tenta
seguir um modelo, quando passa a vida a ler aquilo que os outros líderes fazem.
Um líder é ele próprio, tem as
suas convicções, tem a sua metodologia, tem a sua forma de estar e nunca pode
perder a sua humildade. Porquê? Porque nós para sermos líderes temos de ter uma
equipa, uma equipa é uma coisa muito boa, é uma coisa fantástica, uma equipa é
uma família. Alguém dizia aqui há bocadinho, não me recordo quem, que quando
falamos de liderança falamos de uma mãe, pois bem, há melhor líder que uma mãe?
Há algum líder mais rude que um pai? É essa a questão que vos deixo, também vim
para fazer questões. Portanto, é bom que nós possamos seguir enquanto líderes o
exemplo das nossas mães, os exemplos dos nossos pais, o valor da nossa família,
a força com que estamos uns com os outros enquanto família nos bons e maus
momentos. Se pegarmos nisso e transpusermos para nossa actividade profissional,
para as sociedades onde trabalhamos e todas as áreas onde nos envolvemos, vamos
ter sucesso de certeza absoluta, não tenham dúvidas.
Enquanto treinador, tentei ser
sempre o Tomaz e quem era o Tomaz? Quem era o Tomaz? Era alguém que estava
acima da equipa? Era alguém que estava abaixo da equipa? Alguém que se sentia
um ser superior? Não, o Tomaz era alguém que todos os dias necessitava daquela
equipa para se sentir bem, mais nada. Tomaz é alguém que está dentro daquela
equipa, está dentro do núcleo da equipa, portanto, fica aqui para mim uma
grande lição que tirei, não aprendi na Universidade, não aprendi na escola, não
tive a possibilidade de alguém ma passar, aprendi na prática, na minha diária,
enquanto treinador, para a equipa me aceitar enquanto seu treinador. Nunca
pensei em ser líder, passei a ser líder posteriormente quando comecei a ser
convidado pelas Universidades para falar sobre liderança, comecei a associar a
função de treinador à função de liderança e comecei a ver que havia ali coisas
muito semelhantes.
Por exemplo hoje em dia fala-se
muito de coach, o coach guia, o coach ajuda, ele é um treinador. Coach é um treinador, a palavra treinador. Para vos dizer que o
treinador se quer ter uma equipa que o aceita todos os dias tem que se sentir
como elemento dessa equipa. Pois um grande erro de liderança, muitas vezes, achamos
que a equipa está para nos servir e esquecemos que nós estamos para servir a
equipa. Quando começamos, enquanto treinadores, a treinar equipas que são
pequenas, que têm pouca exposição pública, que não vendem para o exterior, nós
estamos dentro da equipa, somos deles, estamos para eles e depois quando
começamos a ter algum sucesso, alguma aparição, a equipa fica lá e eu estou
aqui, eu ganho e a equipa perde. Eu estou a deixar passar aqui de uma forma um
bocadinho distante aquilo que é uma reflexão para a vossa vida: sejam elementos
de equipa, sintam-se como parte integrante do núcleo da vossa equipa, não se
deixem ir embora a pensar que "eu
enquanto líder, sou eu que mando na equipa”, pois o líder não sabe mandar.
O líder sabe ajudar os outros a fazer, essa é a principal característica que um
bom treinador tem de ter, um bom treinador não manda ninguém jogar, um bom
treinador leva os outros a jogar.
Eu conto-vos uma história de
quando eu estava desse lado, quando era jogador, quando eu vinha com a maior
dinâmica aos treinos que me ensinou muito para a vida. Porquê? Porque eu nunca
tive as características físicas de um jogador internacional, era um dedicado
por natureza, um dedicado, isso posso dizer com toda, toda… tiro o casaco, era
um dedicado por natureza, gostava de treinar mais que os outros, adorava,
precisava de descansar menos do que os outros, mas também quando era para
festejar festejava mais que os outros, não se preocupem!
[APLAUSOS]
Eu estava no período natalício e
recebi uma carta, na altura não havia estes meios tecnológicos, estamos a falar
de há uns bons vinte anos atrás e estava em casa, sem saber bem o que vou fazer
e recebo uma carta registada da Federação a convocar-me para um grupo de vinte
jogadores que iria trabalhar para chegar pela primeira vez a um torneio de Sevens - a variante do Rugby de quinze
jogado por sete jogadores. Rugby de quinze tem um jogo de quinze e tem um jogo
de sete, tal como o Futebol tem um jogo de onze e depois tem outro de variante
reduzida que é o Futsal.
Recebo a convocatória e a primeira
reacção que tive foi "eu quero ir, vou”
e fiquei doido a olhar para a carta, li aquilo umas dez vezes, se era mesmo o
meu nome, se eu estava enganado, se era eu, se era dia do treino e à décima vez
de olhar a carta – porque eu sempre fui muito persistente e mesmo às vezes não
percebendo as coisas à primeira, insistia, insistia, insistia, até perceber – e
quando percebi que o primeiro treino era no dia 2 de Janeiro veio logo uma
estratégia à cabeça e o que é a estratégia? Nós, hoje em dia, temos livros
inteiros sobre o que é a estratégia e depois esquecemos que a estratégia é
muito simples, a estratégia é algo que nos leva sempre a opôr o nosso forte ao
fraco dos outros. Resumindo, é nós vermos onde é que está o ponto frágil para
nós entrarmos, onde é que a porta está meio aberta para nós passarmos. Eu
comecei a pensar: "se os testes físicos
são no dia 2 de janeiro, os meus companheiro vão perder-se todos pelas festas
de passagem de ano”.
É que mesmo que não nos apeteça ir
nós somos obrigados porque a sociedade vai... eles vão-se perder todos e nós
vamos ter os testes físicos para esta prova, eu vou ganhar os testes físicos.
Foi logo o meu objectivo, logo. O
que é que fiz? Calcei os ténis, comecei a treinar logo naquele dia e quando
disse aos meus companheiros, alguns também tinham sido selecionados, que não ía
para qualquer festa de fim-de-ano começaram a rir: "ah, estás maluco, não é por isso que não vais, só foste chamado para
fazer número”. Muito bem, mas esta é a missão agora e assim foi. Apareci no
dia 2, toma lá, dá cá, bati o recorde de flexões de braços que ainda hoje está
por bater, ainda está lá, não conseguiram, pouco talento, mas muita flexão.
[APLAUSOS]
Aprendi claramente e passei aos
meus jogadores que nem só de talento se faz uma equipa, é preciso trabalhar
muito para se ficar numa equipa e vi muitos jogadores que comigo ficaram de
fora, enquanto treinadores, cheios de talento, tanto talento que às vezes
tropeçavam nele e não conseguiam correr. Mas com pouca capacidade de trabalhar
para os outros, com pouca capacidade para se envolverem com uma equipa e com
aquilo que nós já vamos ver o que é uma equipa.
Isto para vos dizer que estes
testes físicos abriram os olhos ao meu treinador de então, um líder rude – e um
líder também tem de ser rude às vezes –, um líder difícil, um líder que tomava
decisões, um líder que vinha da Escócia, habituado àqueles Invernos rigorosos,
habituado a terminar o dia às cinco horas e fechar até ao dia seguinte, um
líder que não nos mostrava os dentes, ria muito pouco connosco e um líder que
vinha com métodos muito precisos. Um jogador para jogar Rugby tem de ser
grande, tem de ser forte, tem de ser muito bom fisicamente, tem de fazer isto…
e quando fiz os testes físicos, não tive dúvidas nenhumas que mostrei àquele
líder que eu, enquanto jogador, que não tinha aqueles pergaminhos, podia também
ser selecionado. Ele ficou a olhar para mim e tanto ficou que me convocou para
os dez finais que foram a Hong Kong. No último treino deu-me um exemplo de
liderança que eu mais tarde vim a revelar que era, sem nunca ter essa intenção,
nunca tive intenção de ser líder de coisa nenhuma, sempre tive intenção de ser
um homem feliz, todos os dias sentir que estava a crescer enquanto pessoa, foi
sempre esse o meu objectivo, nunca foi o de ser líder, ou treinador, ou
seleccionador, ou estar aqui com vocês. A vida trouxe-me isso, trouxe-me porque
fui procurando o meu caminho e quando cheguei ao meu caminho que era ir a Hong
Kong.
Estávamos, então, na recta final,
nos cinco minutos finais do treino, e ele deu-me o tal exemplo. O que é que ele
fez? Deu-me o maior exemplo de competição que eu tive até hoje: pegou nos dez
jogadores que iam e pôs a jogar contra os dez que não iam. Puummm! Vocês estão
a imaginar aquelas lutas, aqueles animais com 5 metros e puumm! Foi aquilo que
aconteceu, levámos uma tareia, os dez que não foram, passaram-nos a ferro,
tanto passaram que a mim fizeram uma ferida enorme, não vos vou estragar a digestão,
fizeram uma ferida enorme e deixaram-me bem maltratado ao ponto de eu estar no
chão inanimado. Não se preocupem o Rugby é mesmo assim. Imaginem-se a ver
televisão em casa, entra um bocado de chuva e o canal volta sempre. É assim
como nós vemos as lesões no Rugby, não tem qualquer importância, não tenham
medo, nem o nosso Ministro da Saúde precisa de ter medo das nossas, não tenham
medo, elas curam-se por si próprias.
Eu, quando estava ali deitadinho
no chão, pensei "perdi Hong Kong, tanto
trabalho e perdi Hong Kong”. Estava a ouvir o treinador em inglês a dizer "ele tem de ir ao hospital, se ele não
estiver bem trocamos pelo não-sei-quantos”, já sabia o nome do outro. Eu
disse "não”, levantei-me do chão, nem
sabia onde é que estava, mas levantei-me, agarrei-me, na altura ao senhor
enfermeiro, penso eu que ele era, e disse-lhe "cose-me”, ele disse "ó Tomaz,
não, isto há procedimentos, tens que ir ao hospital, nem tenho luz para te
coser”, eu disse "cose-me, homem”.
Devo ter sido tão incisivo que ele coseu-me mesmo, coseu-me tão bem que me
ligou os cabelos à ferida e aquilo ficou disfarçado. Depois fui para Hong Kong.
Quando cheguei a Hong Kong e fui fazer o primeiro tratamento, as senhoras que
me receberam disseram "quem é que lhe
coseu isto?”. Eu disse: "foi alguém
em Portugal de quem eu me orgulho imenso, um amigo”.
[APLAUSOS]
Ele foi meu amigo, ele ajudou-me e
os amigos ajudam-me. É isso que os líderes têm de perceber: os elementos da
nossa equipa ajudam-nos, ajudam-nos, confiam em nós enquanto líderes e jamais
podemos quebrar a confiança deles.
Quando fomos para o jogo com umas
das selecções mais representativas do mundo, que tinha uns bons monstros lá
dentro, que jogavam que se fartavam, o nosso treinador quis-nos convencer que
íamos ganhar o jogo. Fazia aquelas palestras, mostrava as fotos deles, mostrava
os vídeos, naquela altura com o videotape,
andar para a frente, andar para trás, ficámos ali quase quatro horas numa
palestra e ele de repente quando diz a equipa que vai jogar olhou lá para trás
– eu estava como suplente e sentava-me sempre atrás, mesmo nas aulas, sempre
foi um hábito meu –, ele olhou lá para trás "ó Tomaz, tu vais jogar na ponta e vais marcar este jogador”, eu
pensei "na ponta? bem, isto há aqui
qualquer coisa”, e ele mostrou-me – perdoem-me a expressão – um grande
pedação de carne humana.
[RISOS]
Só que tem uma vantagem, olhei
para ele e comecei logo a pensar "ele não
tem barba na cara”, comecei logo a ser mau "bem, não tem barba na cara, vou ter de usar uns truques” porque ele
disse-me e eu sabia que a minha principal característica enquanto jogador era
defender bem, era placar, era derrubar, portanto ele queria que eu o placasse,
não foi preciso falar muito que eu percebi logo o que é que ele queria de mim,
ele depois mostra que ele tem 1,96 m, pesava 120 quilos e corria os 100 metros
em onze segundos. Ele não me disse o que é que ia fazer, disse-me só que eu ia
lá estar. "Até logo, até logo, até
amanhã, amanhã vamos ganhar, vamos fazer história”, estamos a falar de uma
equipa que na altura se chamava Nova Zelândia e nós acreditámos e fomos para a
cama a pensar que íamos ganhar, íamos aparecer na História e a pensar que íamos
depois telefonar para casa, lá pela cabine telefónica, ligar a dizer "ó mãe, ganhámos aos All Blacks, viemos
partir isto tudo”.
Mas não foi nada disso, não é? Não
foi nada disso.
[RISOS E APLAUSOS]
Se eu estiver a ultrapassar o
tempo, mandem-me calar senão eu fico aqui a noite toda.
E quando estávamos no quartinho, o
jogador que era para jogar na minha posição tinha sete ou oito anos a mais do
que eu e que era o nosso recordista nacional, na altura, dos 400 metros, corria
que se fartava, dizia-me assim "ó Tomaz,
estás nervoso?”, eu dizia "nervoso,
não, estou borrado de medo, não consigo dormir, estou a tremer”, ele
disse-me "calma, tens de dormir…”, eu
disse "como é que queres que eu durma, já
viste o teste que eu vou ter amanhã, ainda tenho aqui umas coisas a coserem-me
a cabeça, estou todo partido e ainda vou ter de levar com um monstro”. Ele
lá tanto falou que me adormeceu.
Acordámos de manhã, quando entro
no elevador do hotel, que o Rugby tem destas coisas, o Rugby de sete, nós
podemos ficar no mesmo hotel que o adversário e queremos ganhar à mesma,
convivemos e falamos com ele e sabemos o respeito a ter por um adversário é
ganhar-lhes com um sorriso na cara e apertar-lhes a mão. Não temos problemas.
Escondermo-nos? Não querermos ficar no mesmo hotel? Não, não, não tem problema.
Quando descemos do elevador, vocês vejam bem, a equipa portuguesa entrou no da
esquerda e sobrei eu, sempre a ficar atrás, e entrei no elevador onde ia a
equipa da Nova Zelândia, olhei e só podia olhar para cima.
[RISOS]
Só podia olhar para cima, mas o
meu adversário directo não ia ali, eu pensei "não está aqui, ainda bem”. Quando íamos no corredorzinho para
entrar, as equipas em fila, o nosso treinador a dizer "não olhem para o lado, vocês têm o vosso objectivo, vocês têm a vossa
missão, vamos embora, não passa nada, não passa nada”, eu começo a ver: "ai, ai, ai, está aqui uma mancha ao meu lado”
e como a curiosidade faz parte da alma lusitana eu deitei um olhar ao lado e
senti que tinha um búfalo a olhar para mim.
[RISOS]
Uma coisa enorme a olhar para mim,
eu só tinha um escudo ao peito, só tinha uma coisa muito mal desenhada a dizer
Portugal-Rugby, mal cosida, camisola toda esfarinhada, eu disse "bom, sou eu contra ele e isto não se vai
passar nada, vamos embora”. Entro no estádio, cinquenta e tal mil pessoas
aos gritos, não por mim com certeza por aquela equipa fabulosa. Realmente, o
Desporto é uma coisa magnífica. O meu companheiro de equipa que dava o pontapé
de saída pôs-me a bola directamente nas mãos. "Bora, Tomaz, hoje é sábado, hoje é sábado à noite, atira-te a ele”.
Eu pensei "bom, todos os homens têm
partes fracas”, nós sabemos.
[RISOS]
Vocês
enquanto líderes não pensem nessa maldade toda.
[RISOS]
Vocês enquanto líderes
mantenham-se convictos dos vossos princípios. Não se riam à primeira. Onde é
que estavam as partes fracas daquele homem? Com certeza que nas canelas. Não há
nenhum homem que goste de ser placado nas canelas, não é por acaso que no
Futebol às vezes rasteiram. Eu pensei "bom,
a forma de parar este tamanhão todo é ir-lhe às canelas” e assim foi. Não,
placado não, placar não podemos placar às canelas, era onde eu podia agarrar,
de resto não ia ter dimensão física. Não pensem que é fácil. Eu quando o senti
a vir com a bola ao pé de mim, tudo o que tinha aprendido veio-me à cabeça,
tudo o que nós aprendemos na teoria veio-me à cabeça: reduz o espaço, vai para
cima dele, ataca tu antes que ele te ataque. Ah, pois o confronto foi muito
complicado, acordei num placardzinhode publicidade, não vou fazer publicidade àquela companhia, mas nunca mais me
esqueci, é uma grande multinacional que está sempre com o Desporto e ainda por
cima é uma cervejeira, confesso que gosto bastante de cerveja. Lá fiquei
deitadinho e quando me levantei e olhei para minha equipa tinha sete rapazes
que supostamente eram minha equipa, meus amigos, meus companheiros, meus
colegas de missão, que me chamaram de maricas. Atrás dos postes, nem dez
segundos de jogo e já sofremos um ensaio, seu maricas. Eu disse "maricas é que já não!”.
[RISOS]
Já parece o Cristiano Ronaldo
contra o Messi, Messi é que não. Maricas é que não, chamar maricas a um
português é que não. Vamos embora, venha a segunda, e o meu companheiro de
equipa estava-me a testar, pôs-me outra vez a bola nas mãos! Eu disse: "venha!” e quando eu o vi a correr para
mim eu disse não me enganam mais, não me enganam que eu até tenho – lembrei-me
naquele momento – namorada e família em casa, tenho mais não-sei-quê, afinal
isto não é o máximo da vida e quando ele vinha tentei-me atirar para o lado,
mas a dimensão era tão grande, que o rapaz conseguiu passar-me por cima, lá vai
mais um, «tufa» e atropela-me. Isto para vos dizer o quê? Passei 14 minutos
horríveis, era o sonho da minha vida, aqueles primeiros minutos ali, 14 minutos
era uma eternidade, os meus companheiros saíram de fato do campo e eu saí todo
roto. Cheguei ao balneário e o treinador disse: "falhaste!”. Tínhamos perdido sessenta e tal, a culpa era minha,
vejam lá bem. "Falhaste!”. A seguir
fomos jogar com o Sri Lanka e os Sri Lanka são uma equipa dos nossos primos, é
os Pereiras, os Fernandes, os Silvas, que nós lá deixámos quando lá passamos.
Eu disse "tão bom jogar com aquela equipa”,
pois entraram todos menos eu, fiquei de castigo no banco e aprendi uma coisa
muito simples: quando nós gostamos de estar numa equipa temos sempre de
respeitar as decisões, temos sempre que sair de cabeça erguida quando estamos
na nossa equipa, temos de dar o nosso melhor, onde quer que estejamos. Enquanto
treinador não fui melhor nem pior que os outros, fui diferente dos outros. A
única coisa que pedi aos jogadores, em qualquer momento, foi que deixassem tudo
dentro do campo e que saíssem de cabeça erguida, independentemente do resultado
desportivo.
[APLAUSOS]
Ninguém mais do que eu gosta de
ganhar. Isto para vos dizer que enquanto jovens, enquanto líderes, que a
liderança é uma acção, a liderança não é uma posição.
A liderança não é uma função, é um
processo muito dinâmico que exige acção. O que é que exige a liderança? Que todos
os dias vocês se dirijam à vossa equipa com total franqueza, honestidade, com o
conhecimento que têm e que trabalhem para eles. Se vocês trabalharem para a
vossa equipa, a equipa vai gostar e vai querer ser liderada por vocês. A
equipa, todos os dias, sente: "está ali o
meu líder, é para ele que eu me movimento, é para ele que eu faço isto, é para
ele que fico mais 5 horas neste gabinete, é para ele que eu corro mais 40
quilómetros, é para ele que eu faço mais não-sei-quantas viagens, é para ele
que eu não vejo a minha família há mais de dez dias, porque ele simboliza a
nossa equipa, ele é a face da nossa equipa, mas ele é um bocado de todos nós”.
Enquanto líderes, sintam-se como
alguém que faz um conjunto acções para o bem da equipa, diárias, não é "fiz hoje, agora vou sete dias de férias para
o Pacífico Sul e continuo a ser o líder da equipa”, não, para ser os
líderes das nossas equipas todos os dias têm de fazer boas acções para elas,
temos de nos sentir como tal, não tenham dúvidas nenhumas.
Um líder prático é um líder que dá
o exemplo. Se queremos disciplina, se queremos que a nossa equipa chegue a
horas, se queremos que a nossa equipa entregue os projectos a horas, se
queremos que a nossa equipa termine a cirurgia com sucesso e à hora estipulada pela
anestesista, muitos de vocês aqui vão ser médicos, outros engenheiros, têm de
fazer projectos, etc., temos de ser nós a dar o exemplo. A nossa equipa faz
aquilo que nós queremos que ela faça com o nosso exemplo. Nunca usei grandes
papéis, nunca usei grandes regulamentos, mas usei uma coisa muito importante
com as minhas equipas – o compromisso. Ainda hoje com uns miúdos de dezoito
anos disse-lhes: vocês querem jogar à defesa no primeiro jogo do campeonato da
Europa? Não queremos sofrer ensaios. Todos de acordo, então esse é o nosso
compromisso, é o compromisso da equipa, é o compromisso do líder, é o
compromisso que nos agarra uns aos outros.
Lembrem-se, enquanto líderes e
enquanto membros da equipa, não deixem os outros à vossa espera, não deixem os
outros a precisa de vocês, se vocês faltarem a equipa vai sofrer, se vocês não
estiverem a equipa vai sofrer, se vocês se zangarem com a equipa a equipa vai
chorar.
Às vezes é preciso zangarmo-nos
com a nossa equipa, às vezes é preciso pôr a nossa equipa a sangrar, mas muitas
vezes é preciso dizer à nossa equipa com todo o respeito "eu estou aí, dá-me um abraço, dá-me um beijinho, toca-me”, é
preciso estarmos à vontade com a nossa equipa. É muito importante no processo
de liderança.
Um líder tem um processo muito
complexo em mãos, a liderança é uma coisa muito complexa, trata de pessoas,
trata de expectativas, trata de emoções, trata de dar ou retirar oportunidades,
trata de atingir ou não objectivos, trata de ganhar ou perder, trata de sucesso
ou insucesso. Atenção a isso, não sejam complexos, deixem que a liderança seja
um processo complexo e que vocês sejam pessoas simples a liderar, simplifiquem
e confiem, é o maior dos conselhos que vos posso dar e o último: simplifiquem
enquanto líderes e confiem, ok?
Muito
obrigado, gostei imenso.
[APLAUSOS]
[Portugal!
Portugal]
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Vamos ao primeiro ciclo de
perguntas e vou dar a palavra ao Pedro Sousa do Grupo Verde e ao Tiago Alves do
Grupo Cinzento.
Pedro Sousa
Boa noite, em primeiro lugar, Dr.
Tomaz Morais, gostaria de agradecer a sua presença aqui na Universidade de
Verão em nome de todos os alunos. Depois, gostaria também de transmitir toda a
admiração pelo seu trabalho e, agora, antes de fazer a questão vou só fazer um
àparte porque é a última vez que temos a palavra aqui na UV e o Grupo Verde
quer agradecer a toda a equipa da Universidade de Verão, nomeadamente ao seu
conselheiro Tiago Alves por todo o apoio e paciência. Muito, muito, obrigado.
[APLAUSOS]
Passando à questão, Dr. Tomaz
Morais, a nossa questão tem a ver com a campanha que a JSD está a fazer que é a
petição sobre a valorização do jovem atleta português.
A minha pergunta é: que medidas e
incentivos deveriam ser implementados para de uma vez por todas se apostar nos
jovens atletas portugueses, os quais têm dado grandes provas em várias
modalidades no estrangeiro também?
Obrigado.
Tiago Filipe Alves
Antes de mais, boa noite, obrigado
pela sua presença e pelas suas palavras e antes de formular a questão vou
também, já que é a última vez que o Grupo Cinzento pode usar da palavra,
aproveitar para agradecer a todo o staffe membros da organização os momentos que nos proporcionaram esta semana e em
particular ao Paulo Pinheiro, ao nosso conselheiro, por toda a ajuda e todo o
tempo que despendeu connosco, obrigado Paulo.
[APLAUSOS]
Já agora, quero agradecer aos
alunos que também partilharam esta semana connosco.
[APLAUSOS]
Em relação à questão, o senhor
trocou-me um bocadinho as voltas, porque o seu discurso foi muito à volta
daquilo que eu queria perguntar portanto vou ter improvisar um bocadinho.
Acha que
a capacidade de liderança é algo que já nasce com a pessoa ou é algo que se
desenvolve e, caso seja a segunda opção, como é que se pode desenvolver, ou
como é que se pode aprender.
Obrigado.
Tomaz Morais
Muito bem, em primeiro lugar
deixem-me só dizer que em relação aos jovens portugueses é para mim motivo
enorme de orgulho sentir que neste momento existe esta petição, que existe a
preocupação, porquê? Porque às vezes temos de conseguir algo, temos de ter um
resultado de sucesso, temos de primeiro fazer para depois ter. Se com o Rugby
assim o fizermos, agora com a selecção de Futebol foi evidente que o segundo
lugar que tiveram no Mundial foi fundamental para as pessoas pensarem e olharem
para os jovens.
Foi um grito de força, um grito de
força interna, um grito de motivação de jovens que jogam Futebol pela Selecção
Nacional, porquê? Porque as coisas não são projectadas, as coisas não são
feitas de raiz, reparem bem nesta crítica que eu estou a fazer construtivas: os
clubes portugueses investiram em academias de Futebol, eu trabalhei numa delas
durante algum tempo e sei os custos que têm, para ir depois na sua equipa
representativa contratarem jogadores de variadíssimas nacionalidades e muitos
deles mais novos do que aqueles do que aqueles que eles estão a formar na sua
Universidade, nas academias. Vejam isso um bocadinho por vocês, pensem aí, nas
mesas, em vocês próprios, estão a fazer este investimento aqui para um dia
serem os líderes de Portugal e Portugal vai contratar os seus líderes ali ao
Norte de África, não faz sentido. Mas foi preciso um bom resultado para pôr as
pessoas a pensar.
Vamos começar também a pensar
antes dos bons resultados começarem a aparecer, porque eles às vezes também
podem nunca vir. Isso com o Rugby, nós sentimos isso, eu dizia todos os dias no
balneário: vocês querem treinar todos de igual? Vocês querem jogar é num campo
que não tenha coelhos a fazer buracos, vocês querem balneários com água quente,
vocês querem ter estágios antes dos jogos? Ganhem primeiro que essas coisas vão
aparecer todas e disse-lhes um dia que, aparecendo essas coisas e vocês estando
equipados todos de igual, com os melhores equipamentos, treinando nos melhores
campos sem entrarem coelhos, depois eles têm saudades dos coelhos. Sem qualquer
analogia.
[RISOS E APLAUSOS]
Eu acima de tudo sou um líder
brincalhão, um líder tem de ser uma pessoa bem-disposta, um líder tem de ser
criador de boas relações, um líder ter de saber estar com os outros e para
saber estar com os outros às vezes temos de brincar um bocadinho, mas não era
essa a minha intenção. Porque disse-vos que acima de tudo gosto de ser honesto,
vocês é que se riram tanto que eu tive de dar o braço a torcer. Para não fugir
à pergunta – que veio, já sei, de Arcos de Valdevez, terra que estimo muito e
gosto muito, fiz lá grandes jogos de Rugby, partiam-me todo lá em cima,
davam-me durinho – o que é que nós temos de fazer? Nós temos claramente, somo
nós, não são eles, não são os outros, os jovens portugueses têm de se
valorizar. Se querem jogar, treinem mais do que os outros, se querem jogar
mostrem-me mais que os outros, se querem jogar, sacrifiquem-se mais que os
outros, se querem jogar não errem, não errem, tornem o erro qualquer coisa
desumana, o erro não pode ser humano, se assim for os jovens vão jogar e vão
ter oportunidades, não tenham dúvidas nenhumas. Não vale a pena só a petição,
só medidas políticas, medidas de raiz, vale a pena é cada jovem lutar pela sua
posição dentro da equipa, se isso acontecer não tenham dúvida que a posição vai
chegar, que vai ser dada a oportunidade e que vão vencer. Não esperem que os
outros façam por vocês. Ninguém o vai fazer, se não foram vocês próprios a
fazer esqueçam. Pensem assim, se pensarem assim vão conseguir, ok?
Pergunta número dois: trocar as
voltas. Pois, um líder tem de saber trocar as voltas. Vocês enquanto líderes há
três coisas que não vão poder deixar de fazer à vossa equipa: inspirá-la, a
inspiração da equipa é a inspiração do líder e dos membros que a compõem;
motivá-la e construi-la. Essas três situações é a associação entre um líder e a
sua equipa, portanto, muitas vezes o líder vai ter de saber trocar as voltas
aos seus elementos para os inspirar, para os motivar, para os desenvolver e
para os capacitar, não tenham dúvidas nenhuma.
O líder nasce ou desenvolve-se?
Vocês estão a tramar-me. Nós todos somos líderes, sempre olhei assim. E a
determinado momento vai-nos ser dada uma oportunidade de liderarmos uma equipa.
Ora bem, o que é uma equipa? Uma equipa pela sua expressão mínima pode ter dois
elementos, pela sua expressão máxima pode ter um infinito de pessoas. Quando
nós temos a nossa equipa à frente aquilo que lhe temos de aplicar é um conjunto
de habilidades nossas nas quais acreditamos – a isso se chama o desenvolvimento
de um líder, porque um líder nunca terminou. Um líder nunca acabou, nunca é um
processo finalizado, é sempre alguém que está todos os dias em construção, não
tenham dúvidas. Nunca conheci líderes perfeitos, conheci foi líderes implacáveis,
unificadores, pacificadores, decisores, trabalhadores, animadores. Conheci-os,
trabalharam comigo, ensinaram-me liderança. Portanto eu acredito que nós
nascemos todos de uma determinada forma, sabemos qual é, não vale a pena
fazer-vos aqui rir mais, vocês estão cansados de rir, portanto pensem é que o
líder se desenvolve todos os dias. O líder treina-se; vejam o líder como um
processo de treino. O que é um processo de treino? O que é um processo de
formação? A formação que vocês estão a ter é exactamente igual ao estágio de
uma equipa de futebol, de rugby, de andebol, voleibol, é uma semana a
reflectirem, é uma semana a cansarem-se, física e intelectualmente, é uma
semana a partilharem experiências, é uma semana sequiosos de aprendizagens, é
uma semana em que vocês se desenvolvem, é uma semana em que vocês se integram
nesta equipa que vocês gostam, nesta equipa que vocês acreditam, nesta equipa
que vocês sentem e isso é o quê? Capacitação. O treino é capacitação, a
liderança é capacitação, todos os dias vamos à procura de qualquer coisa
enquanto líderes, ok?
Portanto,
troquei-vos as voltas.
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Segundo bloco de questões: Rosa
Nogueira dos Santos do Grupo Castanho, Andreia Gonçalves do Grupo Azul.
Rosa Nogueira dos Santos
Boa noite. Dr. Tomaz Morais, um
obrigado por estar aqui a partilhar um pouco da sua experiência connosco.
Sofia, nossa conselheira, o Grupo
Castanho quer agradecer as tuas orientações e dicas nestes dias intensivos.
Agradecemos também a toda a organização e ao magnífico reitor que defende a UV
com um brilho nos olhos motivador.
Dr. Tomaz Morais, tendo em conta
que os atletas do Rugby apresentam-se por norma como pessoas muito instruídas
academicamente, ao invés do que acontece na maioria das outras modalidades,
como explica este fenómeno? E antes de me despedir, vou pedir para satisfazer a
curiosidade do Grupo Castanho: qual foi o recorde de flexões?
[RISOS E APLAUSOS]
Andreia Gonçalves
Boa noite a todos. Dr. Tomaz
Morais, muito obrigado pela sua participação e excelente intervenção. Se é
verdade que por detrás de um grande homem existe uma grande mulher, também é
verdade que por trás de uma grande equipa existe um grande líder. Perante uma
plateia repleta de reconhecidos líderes e sobretudo cem futuros líderes,
gostaria de formular a seguinte pergunta: no Rugby joga-se para trás para se
chegar mais longe. De igual modo, aprendi esta semana é que no nosso PSD quando
se põe um pé para trás é para ganhar balanço. Gostaria de saber qual é a sua
opinião sobre esta prática para vencer na vida.
Gostaria igualmente de aproveitar
para agradecer a todos os participantes da Universidade de Verão de 2011,
particularmente ao nosso excelente líder Carlos Coelho. à minha equipa pelo
grande espírito de companheirismo e à nossa conselheira Sofia Manso, sem a qual
não tínhamos conseguido fazer os trabalhos de grupo.
[APLAUSOS]
Muito
obrigado.
Tomaz Morais
Vocês não imaginam, eu já vou lá,
não quero começar pela segunda pergunta, mas quero dizer-vos que as flexões são
um exercício que devíamos fazer em equipa, todos.
[RISOS]
Eu predispunha-me a fazer
novamente o recorde, mas vocês tinham de fazer comigo, em equipa. Mas não
agora, não agora.
[RISOS]
Não temos espaço; não agora.
Naquele dia, ficaram registadas
num minuto (algumas aldrabadas) 82 flexões de braços.
[APLAUSOS]
Estão a ver? Aprendi com essas
flexões, que mais do que o volume muscular, é a velocidade com que se executa o
movimento, isso é que é importante. O que é que isso me ensinou? Que a
velocidade com que nós fazemos as coisas, a velocidade com que nós executamos,
a velocidade com que nós pensamos, tem de ser o nosso ritmo, nós temos de ter
um ritmo ao fazê-lo. Muitas vezes queremos pensar e fazer ao ritmo dos outros.
Essas flexões estavam de acordo com a forma que eu vivia, com a minha dinâmica,
com a minha forma muscular, de estar, portanto, com muito treino. Mas não tive
dificuldade em fazer as tais flexões. Os jogadores mais pesados não conseguiam,
não conseguiam transportar o peso com tanta velocidade.
É bom vocês sentirem Desporto,
exercício, eu dar-vos motivação também para, enquanto jovens, continuarem a
cuidar do vosso corpo.
É médica, não é? Soube que era
médica. Função nobre. Sabe que eu uma vez por ano, vou aos alunos do primeiro
ano em Santa Maria, falar-lhes em saber estar como equipa, estou ali uma manhã
com eles e porquê? Por uma razão, porque o Rugby está muito próximo da
Medicina, nós lesionamo-nos muito.
[RISOS]
Eu, com tantas lesões que tive,
fui percebendo que a Medicina precisa de trabalhar melhor em equipa, sempre, e
quando me convidaram foi o Doutor Gomes Pedro, professor, eu fui a correr e
disse: eu vou com tanta energia, que todos os anos quero vir cá, porque têm que
me deixar passar a minha mensagem a estes alunos: os médicos têm de trabalhar
em equipa. É fundamental, para nós que estamos nas vossas mãos, portanto, isto
um aparte.
Avançando um bocadinho, os valores
pedagógicos com que nós estamos no Rugby tanto que é fazê-lo como uma parte o
nosso desenvolvimento enquanto pessoas e não como um fim em si, permite que
todos os educadores, todos os treinadores e todas as pessoas que estão à volta
da modalidade, olhem para o Rugby como um acrescento à pessoa e não como o seu
objectivo máximo. Isso dá em que sejam educados a estudar, sejam educados a
trabalhar. Eu dava há bocadinho o exemplo, nas nossas academias que temos da
Federação, onde temos no Porto, em Coimbra, em Lisboa, temos vários jovens que
estão durante a semana a estudar e a treinar connosco. Pois, se eles não
tiverem boas notas escolares nós convidamo-los a sair da academia, é o primeiro
compromisso que eles assinam connosco. Bons estudantes e bons alunos primeiro e
vão de certeza ser bons jogadores, não tenham dúvida. É uma aposta que não é
minha, é uma aposta que já vem de há muitos anos na modalidade e felizmente ma
passaram, ma transmitiram, podemos fazer Desporto ao mais alto nível e fazer os
cursos de Medicina, de Engenharia, de Direito, mesmo que muitas vezes mal
compreendidos, ou pessimamente, pelos professores e pelos colegas.
Bom, mulheres líderes, os homens
que se preocupem, eu digo-vos porquê: porque tenho quatro mulheres em casa e
sou um pau mandado.
[RISOS]
A única
pessoa que olha para mim é o cão.
[RISOS]
É o único, é o único que eu
consigo liderar naquela família, de resto ando a toque de caixa, não tenho
qualquer possibilidade.
Portanto, eu que me proclamo um
treinador, em casa "está quieto!”
Peço para jogar, posso jogar um minuto?
[RISOS]
Portanto, as mulheres sabem
liderar muito bem, têm um instinto dentro delas que as leva a saber muito bem
como executar essa acção.
A bola passa-se para trás no
Rugby, ou para o lado, só que no Rugby ninguém pode estar parado e eu quando
recebo uma bola tenho de estar com dinâmica, tenho de ir a correr com essa bola
e ao recebê-la para trás, dá ideia que eu estou a passar para trás, mas o
transportador da bola está a passa-la para a frente. Portanto, não há dúvida que
o Rugby está perfeitamente no pensamento que vos foi transmitido, de que nós
não podemos dar dois passos atrás, temos que dar não-sei-quantos à frente. Como
é que era? "Um passo atrás para ganhar
balanço”. Portanto, nós passamos a bola para trás, claramente, para chegar
mais longe, não tenham dúvida nenhuma. A regra é assim instituída, o que
permite que quem tenha a bola na mão tenha sempre que avançar. O primeiro
princípio do Rugby, para todos os jogadores, é avançar com a bola. Todos eles,
um centímetro que seja, têm de avançar, pois esse é um grande princípio de
vida: avançar!
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Terceiro bloco de perguntas:
Frederico Almeida Nunes do Grupo Rosa e Filipe Sanches do Grupo Laranja.
Frederico Almeida Nunes
Boa
noite a todos. Boa noite, Dr. Tomaz Morais.
Antes de mais, em nome do Grupo
Rosa, gostaria de agradecer à nossa conselheira, a Catarina Rocha Ferreira, que
desde o primeiro dia fez questão em ajudar e aconselhar este grupo. Catarina, a
ti, um muito obrigado.
[APLAUSOS]
A pergunta que o Grupo Rosa
decidiu fazer ao Dr. Tomaz Morais é a seguinte: se fosse um membro do Governo,
responsável pela área da Juventude e do Desporto, qual a primeira medida que
tomaria?
Filipe Sanches
Ora, já que estamos numa de
agradecimentos, eu queria também agradecer ao nosso conselheiro Tiago Alves,
pelo seu apoio, dedicação e colaboração, foi incansável, o nosso muito
obrigado.
[APLAUSOS]
Quero salientar também que tive
muita sorte por ter tido a companhia dos elementos da minha equipa, todos
tinham as suas características singulares, mas trabalhámos todos juntos sempre,
com um enorme espírito de coro em todas as tarefas, todos deram sempre o seu input, acho que foi uma experiência
muito proveitosa para todos.
[APLAUSOS]
Gostaria também de felicitar o Dr.
Tomaz Morais, posso-lhe dizer que já assisti a intervenções das mais variadas,
umas técnicas, outras mais ideológicas, e hoje queria dar importância à sua,
pois nos transmitiu uma coisa muito importante que são os valores, os valores
de um líder. Eu tinha três ou quatro perguntas para fazer, mas realmente a sua
intervenção respondeu a todas elas.
A uma nota mais pessoal, gostaria
de saber qual é a melhor qualidade que reconhece no nosso Primeiro-Ministro, o
Dr. Pedro Passos Coelho.
Tomaz Morais
Muito bem, ainda só vamos na
sexta, à décima vou ter mesmo de fugir.
[RISOS]
De Cascais, de um líder de
Cascais, só podia vir uma pergunta difícil. Aquilo é uma terra difícil. Eu sou
de Cascais. Aliás, sou de Carcavelos, que em relação ao concelho de Cascais
para quem não conhece sempre foi tratado como a fronteira. "Eles são mais de Oeiras do que de Cascais”...
Mas é giro que os jogadores que
havia mais incisivos, no meu tempo, a jogar no Cascais que era uma equipa de
campeões, ganhavam muita coisa, eram jogadores de Carcavelos e Carcavelos tinha
um bairro muito complicado, que era o Bairro das Marianas, um bairro social,
que tinha um rio que lá passava e que cheirava muitíssimo mal e quando nós
entrávamos no balneário, eles diziam sempre: "lá vem a fossa das Marianas”.
[RISOS]
Eram os jogadores que vinham de
Carcavelos e ficámos conhecidos como os jogadores da fossa das Marianas, porque
eles tinham respeito dentro do balneário.
O Desporto é uma área nobre, acaba
por ter um sentimento muito grande de todas as pessoas, aquelas que gostam mais
e que gostam menos, porque o Desporto é associado a muita coisa: ao rendimento,
à área lúdica, ao exercício, aparte intelectual, hoje em dia como ninguém, é
associado aos valores, acaba por ser um elo de ligação. Ora, vejam bem,
Desporto é a grande montra, hoje em dia não podemos ir para uma batalha sem
poder levar um cavaleiro com uma bandeira. Hoje em dia quem representa a imagem
de um país, muitas vezes, são os desportistas, é aquilo que os desportistas
fazem quando representam nos jogos olímpicos, nos campeonatos do mundo, nos
torneios, enfim, nas coisas mais simples, quando estão com o nosso escudo, com
a nossa bandeira, com o nosso hino nacional, com as nossas cores, são
claramente uma imagem do nosso país, nós temos de sentir que quando eles estão
lá e ganham, nós ganhamos, quando eles perdem, nós perdemos. No Desporto, eu já
fui ao mundo inteiro com o Rugby, todo, já percorri tudo. Vocês não imaginam, o
que os portugueses que estão nesses cantos do mundo, que nós nem imaginamos,
com as profissões mais variadas, sentem quando nós entramos em campo, eles
sentem-se lá dentro, a maior parte nem sabe as regras, ou nunca viu, mas jogam
connosco.
Portanto, o Desporto tem de ser
visto muito assim dessa forma. Se tivesse essa oportunidade, enfim, não a
procuro minimamente, mesmo nada, tentaria construir mais do que uma política,
tentaria construir uma acção prática que pudesse levar a que de uma vez por
todas, nós quando tivéssemos uma conversa sobre Desporto alguém não dissesse "em Portugal não há cultura desportiva, em
Portugal não há cultura desportiva”. Temos campeões do mundo, temos
campeões da Europa e não temos cultura desportiva, porquê? Porque nós sentimos
que os nossos filhos entram em casa e não sabem as regras dos jogos, não
conhecem os valores do Desporto, não conhecem os benefícios do exercício.
Era por aí que eu começava e ía lá
bem abaixo, ía tentar passar Desporto às pessoas, nas Escolas, nas acções
sociais, nos bairros sociais, tentaria ajudar os jovens mais carenciados, com
mais dificuldades, para terem um caminho na vida, no Desporto, dava-lhes um
projecto desportivo para a mão, era por aí que eu ía, não ía tanto pela
bandeira do país, pelo alto rendimento, ía pelas bases. Ía tentar então parar
com essa velha questão de que não temos cultura desportiva. Era essa a medida
que eu talvez fizesse, não sei, estou a dizer porque nunca vou lá estar e não é
essa a minha função, é sempre mais fácil falar, é sempre mais fácil nós
dizermos isso quando não estamos, quando não temos aqueles dossiers todos à frente, são funções muito complicadas nas quais um
dia vocês vão estar. Portanto, treinem, treinem, treinem.
Segunda pergunta, qualidade. Vou
contar uma pequena história só, rapidamente, para responder à vossa pergunta.
Ouvi uma coisa muito importante
neste grupo, que é: "somos todos
diferentes, percebemos esta semana que somos todos diferentes”. Pois eu
treinei dois génios, entre muitos, treinei dois, que me marcaram muito para a
vida, gosto imenso deles, imenso. Um deles quando olhei para ele pela primeira
vez disse "este não vai lá, vai para o
banco” e o outro, olhei para ele e disse "eu gostava de ser como ele”. É um monstro de músculo, fisicamente
bonito, tudo com facilidade, eu disse "este
vai ser o melhor jogador português” e depois foi precisamente o contrário.
O irmão nunca precisou de uma palavra minha, de uma motivação minha, de uma
orientação muito precisa minha, o que eu dava à equipa chegava para ele,
durante muitos anos foi o melhor jogador português, o irmão passava um ano,
passavam dois, passavam três e nós sempre na esperança, nunca desistimos dele.
Depois, no ano passado para mim foi o melhor jogador português. O que é que eu
aprendi? Primeiro, compreendi que em equipa nunca devemos desistir das pessoas,
as pessoas são todas boas, a nossa equipa é boa, é melhor que as outras, não
olhem para a equipa do lado a dizer que eu quero que venham todos para a minha,
a nossa equipa tem pessoas de qualidade, a nossa liderança, a influência que
exercemos em cada pessoa, a forma como conhecemos cada um, a forma como olhamos
todos os dias para cada um, a forma como comunicamos todos os dias com cada um,
a forma como eles sentem que nós nos preocupamos com eles vai fazer deles
pessoas melhores, ok?
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Quarta ronda de perguntas: Gonçalo
Rodrigues do Grupo Amarelo, Diogo Antunes do Grupo Bege.
Gonçalo Picarote Rodrigues
Boa noite, Dr. Tomaz Morais, devo
confessar que sou um ex-praticante de Rugby, joguei quando era mais novo, é o
meu desporto de eleição e há quatro anos que tenho esta pergunta para fazer,
mas antes gostava de agradecer o nosso conselheiro, o Jorge Varela, pelo seu
apoio, pela sua dedicação e pela sua preocupação.
[APLAUSOS]
Bem, a pergunta é a seguinte, não
é muito longa: o que é que se diz aos jogadores, quando está no balneário e
estão prestes a entrar no campo, a jogar contra a Nova Zelândia, como é que os
motiva? Mas peço um exercício metafórica, imagine que em vez de estarem quinze
em campo estão dez milhões e a Nova Zelândia é a Crise.
Obrigado.
Diogo Antunes
Boa noite a todos, boa noite à
mesa. Boa noite, especialmente ao Dr. Tomaz Morais, que nos deu o imenso prazer
de nos receber neste jantar. Antes de mais, queria agradecer, eu e o Grupo
Bege, ao
nosso conselheiro Jorge Varela por
toda a ajuda que nos deu nesta semana de intenso trabalho e, claro, a todos que
fazem parte desta Universidade e que tanto trabalho têm para nos proporcionar
esta maravilhosa semana.
Tendo em conta que a maior parte
dos seus jogadores não jogam Rugby como profissionais, como é que é feita a
gestão de uma equipa cuja actividade principal diária não é o Rugby e que por
isso nas respectivas equipas com que tem que lidar nas suas equipas de Rugby e
Selecção têm que lidar com as respectivas profissões.
Tomaz Morais
Aqui no grupo da pergunta sete
temos um porta-voz de Santarém, é verdade. Bem, eu de Santarém guardo uma
imagem fantástica, convidaram-me para ir lá às festas e disseram-me que havia
lá uns bichos para agarrar. Primeira coisa que fizemos foi exactamente ao
contrário do que fazemos no Rugby, comemos e bebemos até partir, depois olhámos
lá para baixo e vimos muita gente e vimos um bicho a correr. A nossa preparação
física era tanta que achámos que era uma coisa pequena. Lá fomos nós e o
entendido da coisa, o treinador, disse assim: "ó, Tomaz, tu vais a número dois”. Ele vai à frente, ele deve ter
ido lá para trás e tu vais a número dois e o meu espírito voluntário foi tão
grande que fui. Pois bem, passei o resto da noite no hospital de Santarém,
conheci o hospital todo, foi a minha visita a Santarém, adorei Santarém. Gostei
imenso de Santarém.
[RISOS E APLAUSOS]
Pois bem, falar a dez milhões.
Aquilo que se passou no jogo com a Nova Zelândia – eu vou tentar criar-vos aqui
uma analogia e vou-vos tentar responder à pergunta – era um jogo muito
especial, um jogo de uma vida, acredito que o desafio que o nosso
Primeiro-Ministro está a viver neste momento seja o desafio de uma vida, talvez
ele nunca acreditou, nessa vossa idade podia ter essa ambição, mas não
acreditava que um dia pudesse vir a ser, vê-se que é a sucessão de uma vida, a
sucessão do que nós fazemos e a acção boa que nós temos que nos leva a sermos
quem somos e a atingirmos lugares de grande destaque.
Quando estávamos no jogo com a
Nova Zelândia, eu olhei para a equipa de manhã, no hotel, eu estava a viver um
momento particularmente difícil porque tive uma filha minha que nasceu nesse
período com problemas gravíssimos, entre a vida e a morte, eu estava meio lá,
meio cá
Quando acordámos para esse jogo a
primeira coisa que eu quis fazer foi aquilo que eu gosto de fazer: exercício
físico. Saí de manhã a correr com o fisioterapeuta, grande conselheiro, grande coach, e eu perguntei-lhe: "E hoje?”. Ele disse-me: "Hoje? Estás a brincar ou quê? Hoje jogamos
para o mundo inteiro”. Não são só dez milhões, o mundo inteiro vê jogar a
Nova Zelândia e nós hoje vamos ter oportunidade de jogar contra a Nova
Zelândia, trabalhámos mais do que ninguém, estamos aqui por mérito próprio,
ninguém nos deu nada. Eram mais os que não acreditavam do que os que alguma vez
nos disseram que acreditavam. Olhou para mim e disse-me: "Sê tu mesmo”, assim com esta expressão. "Esquece os power points, esquece imagens de vídeo, fala-lhes como
falaste como te vi no primeiro dia a entrar no balneário daquela equipa;
esquece os papéis”. E assim foi, eu pensei, corremos, tomámos o pequeno-almoço,
fizemos os exercícios com a equipa e quando chegámos ao balneário olhei para
eles e disse: "Não vos posso mentir, mas
posso ser ambicioso” e perguntei o que é que nós hoje podemos fazer no jogo
com a Nova Zelândia? E a resposta veio nos olhos deles. Independentemente do
resultado, podemos sair de cabeça levantada. Independentemente do resultado,
podemos, cada um de nós dar o nosso melhor e podemos ser objectivos. Então,
traçámos ali pequenos objectivos, ficaram escritos num papel que depois foi connosco
para o balneário. O primeiro objectivo era durante vinte minutos fazer crer a
todos os espectadores que nós tínhamos condição para jogarmos de igual para
igual contra eles. A equipa aceitou esse objectivo, "a partir daí logo vemos, mas vinte minutos são nossos”. Segundo
objectivo, muito ambicioso, mas realista, vamos sair na frente, vamos marcar
primeiro, vamos pôr o mundo a olhar para nós durante uns momentos, vamos pôr o
mundo a olhar para Portugal, pôr o mundo a dizer "há Rugby em Portugal, eles também sabem mexer naquela bola esquisita”.
Terceiro objectivo, muito construído: "Vamos
marcar um ensaio”. Aí, já me disseram, "como
é que é?”, a equipa dividiu-se. Aqueles que jogam nas linhas atrasadas
disseram: "vamos, passem-nos a bola que
nós marcamos” e os avançados não. "Vamos
enganá-los, eles não estão à espera que nós joguemos pelos avançados, vamos
construir o ensaio pelos avançados”. Rapidamente, tínhamos ali um choque
dentro da equipa, uma reunião final para o jogo, eu deixei-os discutir um bocadinho
e disse: "Bom, vamos marcar o ensaio
pelos avançados”. Foi uma traição para as linhas atrasadas, eu sempre
joguei pelas linhas atrasadas. Eles: "Epá,
Tomaz, o que é isto, pá? Agora retirou-nos a confiança?”.
E o último objectivo era
claramente que eles não ultrapassassem os cem pontos. Se isso acontecesse,
íamos festejar como se tivéssemos ganho. Saímos assim da reunião de equipa, mas
saímos juntos, o mais importante, quem não jogou, quem não foi convocado para o
jogo, quem entrou de início, a equipa técnica, todos juntos. Todos juntos, pois
essa é a mensagem que eu posso passar. A maior parte dos objectivos, à excepção
dos cem pontos, foram atingidos. Estou convencido que muitas das medidas que
estão a ser implementadas vão ser atingidas, mas algumas não vão ser. Mas tenho
de as traçar, temos de acreditar nelas, temos que as meter em cima da mesa.
As acções do dia-a-dia vão
convencer os dez milhões que estamos no caminho certo. Só assim podemos pensar,
se realmente acreditamos nelas; nós só podemos implementar esses objectivos e
essas medidas se realmente acreditamos neles. Se assim é, não tenho dúvida
nenhuma que os dez milhões vão acreditar que estamos a caminhar para um sítio
melhor, não tenho dúvida, era o que eu fazia, não com palavras, mas com acções
e mais, sentir que quem está a liderar está a fazê-lo para os outros, penso que
esse é o maior exemplo que os portugueses agora querem. Eu quando estou em
minha casa e quando olho para os meus líderes, quero que eles me mostrem o
caminho, quero ver deles o maior dos exemplos, práticos, portanto está
respondida a minha pergunta: fomos para o jogo da Nova Zelândia para sermos
Portugal e aquilo que eu lhes disse, no final, foram as minhas únicas palavras,
foi "hoje é por nós, por todos, por
Portugal, bora!”.
[APLAUSOS]
A parte da gestão da equipa, das
profissões, é um bocadinho mais simples de responder, foram mais meus amigos.
Aquilo que nós fizemos é aquilo que um líder tem de saber fazer com a sua
equipa, ninguém lidera sozinho, é um erro nós pensarmos que liderarmos
sozinhos. Dentro da nossa equipa temos vários líderes, temos até líderes
invisíveis, esse fisioterapeuta que eu falei é uma pessoa que tem
características de liderança muito grandes: sabe ouvir muito bem, sabe ouvir
muito bem, sabe estar com os outros, sabe ser confiável aos outros, sabe
transformar os outros e não precisa de aparecer na fotografia, até nem gosta
muito, é um grande líder invisível. Isto para vos dizer que com esses líderes
invisíveis comigo, traçámos um plano e quem lidera tem de traçar um plano, quem
lidera tem de ter um plano e esse plano era de integração de jogadores. Isto é,
quando é que nós podemos treinar de forma a não prejudicar a vida de cada,
jogadores a vir de Coimbra, do Porto, outros de França, outros de Itália,
outros de Inglaterra e jogadores que não podiam atrapalhar as suas profissões.
Encontrámos um plano, pusemos esse
plano em cima da mesa, havia que executá-lo. Portanto, treinávamos às sete da
manhã para que os trabalhadores, a maioria, pudessem ir trabalhar às oito e
meia e depois voltávamos a treinar à hora do jantar, ao final da tarde, mas só
fazia sentido se todos pudessem cumprir o plano, havendo um que não pudesse
cumprir esse plano, não servia, e assim foi. Preocupámo-nos imenso com o
rendimento deles dentro do campo, mas sempre preocupados com a sua vida
pessoal, sem influenciarmos, sem nos envolvermos, mas sempre a saber como é que
ela estava a correr e como é que nós podíamos ajudar.
Dou-vos um exemplo muito claro,
muito engraçado, cinco meses nos leva a reflectir e talvez seja uma das razões
pelas quais vocês estejam aí sentados. Resolvemos, durante cinco meses tirar os
jogadores do seu meio profissional e do seu meio estudantil e dar-lhes um pocket money para que eles pudessem
treinar como profissionais durante esse tempo. As empresas privadas
receberam-nos de braços abertos, de braços abertos! A empresa pública foi a
única que não autorizou, a pessoa que lá estava, a fazê-lo, não percebeu que ía
jogar por Portugal, se bem que a empresa pública trabalha para Portugal. Acho
que há que criar essa sintonia. Portugal não são eles, Portugal somos nós.
[APLAUSOS]
Dep.Carlos Coelho
Senhor Dr. Tomaz Morais, nós temos
uma tradição na Universidade de Verão que é por uma razão de cortesia deixar a
última palavra para o nosso convidado e, portanto, na sequência deste último
ciclo de perguntas a última pessoa a usar deste microfone será o nosso
convidado, pelo que esta é a oportunidade que eu tenho para dizer duas coisas.
Primeiro, como é a última noite, sei que alguns de vós quererão passear na
Feira Medieval de Castelo de Vide, até porque hoje não chove e queria pedir-vos
apenas que não esquecessem que amanhã às dez da manhã temos a sessão de
avaliação. A vossa opinião é fundamental para nós podermos melhorar esta
iniciativa para as próximas edições e portanto às dez da manhã vamos contar com
o vosso testemunho qualificado de quem passou aqui uma semana e que vai
responder a várias perguntas na sessão de avaliação.
E depois para vos dizer que a
sessão de encerramento pela primeira vez não vai ter lugar neste hotel,
decidimos experimentar uma situação nova, vamos fazer a sessão de encerramento
do outro lado da rua, num antigo convento.
Dito isto, agradeço ao Dr. Tomaz
Morais o sacrifício que ele fez, veio de propósito para aqui, a seguir
regressará e vamos dar a palavra aos dois últimos perguntadores que são: o
Afonso Meireles do Grupo Roxo, grupo a quem agradeço o convívio simpático durante
esta noite no jantar, e o Jorge Barbosa do Grupo Encarnado.
Afonso Meireles
Boa noite a todos, especialmente
ao Dr. Tomaz Morais.
Antes de mais, eu quero fazer um
agradecimento público ao nosso conselheiro e amigo Paulo Pinheiro, à minha
equipa, com quem tenho o prazer de partilhar a companhia durante esta semana e
a todos vós e ao staff que fez e
tornou este projecto possível, obrigado.
[APLAUSOS]
Agora vou directo à questão: Dr.
Tomaz Morais, aquela imagem de vermos, salvo erro, quinze jogadores de Rugby a
cantar o hino como se não houvesse amanhã, desculpem a expressão, foi uma
imagem que nos marcou e disso não tenho dúvidas, posso dizer que é uma das
imagens desportivas do século. O que é que de facto aconteceu nesse dia para que
esse grupo de jogadores cantasse o hino exactamente como se não houvesse amanhã
e representasse acima de tudo os dez milhões de portugueses que fazem parte de
Portugal?
Obrigado.
Jorge Barbosa
Boa noite, Dr. Tomaz Morais, peço
imensas desculpas por não começar agora a falar consigo, mas tenho mesmo de
fazer um grande elogio à nossa conselheira, a conselheira do Grupo Encarnado, a
Catarina Rocha Ferreira, a quem vamos oferecer aquela flor num gesto simbólico.
[CATARINA! CATARINA!]
Agora sim, agora também quero
aproveitar para agradecer a três grandes líderes, a começar pelo Dr. Tomaz
Morais que muito nos honrou, por tudo o que fez nas nossas Selecções Nacionais
de Rugby, ao nosso líder da JSD, Duarte Marques e ao líder desta Universidade
de Verão, o deputado Carlos Coelho.
[APLAUSOS]
Agora sim, a pergunta ao Dr. Tomaz
Morais: eu sou do concelho de Matosinhos, que neste momento está a preparar-se
para gastar sete milhões e meio de euros em dois estádios de futebol e eu que
sou completamente a favor do desporto escolar e defendo menos dinheiro para os
desportos profissionais pagos pelo Estado, gostava de saber qual é a sua
opinião sobre os apoios estatais que o Rugby tem a menos que o Futebol e dos
apoios que as modalidades amadoras têm em relação ao Futebol.
Obrigado.
Tomaz Morais
Muito
bem. Isto não é uma placagem, é uma gravata.
[RISOS]
Gravata é a placagem ilegal, é
aquela em que levamos cartão encarnado e somos expulsos: "rua, não joga mais”. É isso que vocês querem, é pôr-me na rua.
Bom, a nona e a décima pergunta,
ou seja, vocês gostam de ver meninas a chorar. Aqueles matulões chorarem como
meninas marcou-vos. Pois eu estava sentado lá em cima, no camarote onde os
treinadores têm de ver o jogo e recebi uma mensagem de um grande amigo que
jogou comigo e disse-me assim – nunca mais me esqueço desta mensagem – "ó, Morais, dá um grito lá para baixo e pede
àquela rapaziada para parar de chorar que até parece mal, eles estão cheios de
medo” e eu ri-me, foi o melhor que eu podia fazer naquele momento. Mostrei
ao treinador argentino que estava ao meu lado, ao treinador australiano e
riram-se todos, foi um momento muito giro. E quando olhei lá para baixo aquela
equipa a cantar daquela forma, é exactamente a imagem, era o retrato, era a
figura daquilo que tinha sido a nossa qualificação para o Mundial, sacrifícios
atrás de sacrifícios, uns que ficaram para trás, uns que não acreditaram, uns
que apareceram à última da hora, conflitos resolvidos, conflitos por resolver,
conflitos nunca resolvidos, idas a Krasnoyarsk, lá na Sibéria, para jogar com a
Rússia perante quarenta mil militares e nem uma bandeira portuguesa, eles a
chorarem da mesma forma, só que ninguém viu; com idas ao Uruguai onde eu tive o
azar de dizer aos jogadores depois da vitória de estarmos qualificados para o
Mundial "partam a loiça toda e amanhã
estejam às dez horas no aeroporto”, eles partiram mesmo tudo...
Portanto, isso foram as emoções de
uma equipa, nós estarmos dentro de uma equipa, é nós sentirmos a equipa, é nós
termos a força da equipa, é nós estarmos lá. É estarmos lá e aquilo que nos
levou a chorar naquele momento foi todo esse percurso, foi quando nós estarmos
em França, sentirmos a comunidade local a apoiar-nos no primeiro treino que
fizemos em solo francês, não só tivemos a visita do Dr. Durão Barroso, como
tivemos dez mil portugueses residentes que se deslocaram de todo os lados de
França, como quando descemos para ir jogar a cem quilómetros no primeiro jogo
com a Escócia, nos últimos dez tivemos um corredor de portugueses a
receberem-nos, a aplaudirem-nos, ou no autocarro que não se ouvia uma mosca, ía
tudo com o coração aos saltos, pulsações a muito, a muito, todos arrepiados,
arrepiados da cabeça aos pés. Eu só me lembro é arrepio, arrepio, não passava o
arrepio. Entrámos no estádio e o capitão a olhar para eles, ainda de fato a
entrarem no balneário e o capitão a dizer assim: "viram, estamos cá, é real, é real, temos valor para estar aqui”.
Depois o vídeo que ele mostrou à equipa, no plasma, antes de entrarem para o
campo e o facto de eles olharem para a bancada e sentirem-se Portugal, levou-os
talvez a perder o controlo das suas emoções e a sentirem o hino nacional como
deles, pode ter sido isso, nunca lhes perguntei. Agora, não foi treinado, não
tínhamos tempo para treinar hinos, não foi ensaiado, não tínhamos departamento
de marketing ou comunicação, portanto, foi natural, se foi um produto, foi um
produto natural.
Desporto escolar, Futebol. Essa é
a pergunta que eu já sabia que, enfim, está em cima da mesa, muito fácil: o
Futebol se é profissional, se gera receita, se movimenta milhões, então tem de
ter o seu fundo de maneio próprio, tem de ter os seus investimentos próprios,
não pode depender tanto do apoio estatal. A pergunta tem uma resposta fácil,
muito fácil, tem de ser simples, portanto há que olhar e dizer assim: se calhar
o Futebol consegue neste momento gerar receitas que muitos mecanismos do Estado
não conseguem, portanto eles têm de gerir melhor aquilo que geram e se calhar
têm de ter menos do Estado, não digo que se corte tudo, o Futebol também é
Desporto, representa-nos e bem a imagem do país, atenção a isso, o Futebol é um
rendimento para o país, é um produto que nós não podemos calcular ao máximo
quanto é que ele rende quando ele ganha, mas é um grande produto onde podemos
investir, podemos se calhar é gerir melhor aquilo que investimos no Futebol,
mas não deixar de investir no Futebol, não é justo, não é leal, não boa
política nem boa estratégia. Agora, talvez perceber que se nós dermos mais uns
pozinhos só, algumas gotas de água, a algumas modalidades, vamos ter resultados
– não falo no Rugby, antes pelo contrário –, muito bons resultados, mas mais do
que isso diria que temos de dar mais oportunidade de prática aos jovens.
Recordo que eu há trinta anos – pensava que era mais da vossa idade – joguei
Futebol, fiz boxe, nadei, fiz Rugby, nunca paguei para fazer desporto, um
cêntimo que fosse, a não ser o comboio para ir para os treinos. Chegava lá
davam-me o equipamento, uma sandes, um Sumol, ensinavam-me a jogar,
ensinaram-me a ser aquilo que eu sou, custou zero. Hoje em dia é quase
impossível nós queremos dar prática desportiva aos jovens fora da escola
pública e não termos de pagar para que eles o façam.
Se calhar, temos mesmo que começar
por aí, mais desporto escolar, mais educação física, mais controlada, mais
supervisionada, com medidas mais rigorosas de trabalho dos professores, talvez
tenha de ser por aí, porque eles são grandes professores, trabalham às vezes
como podem, eu trabalhei na escola, vi aulas de educação física em sítios
impensáveis, mas a serem dadas e os jovens a fazerem exercício.
Nunca vi ser deixada de dar uma
aula por falta de condições de prática, na escola onde eu trabalhei tive esses
bons exemplos da escola e mais, a grande percentagem dos meus alunos – tive cá
muita sorte na vida, sou muito optimista – vinha para a aulas de educação
física com muita alegria e as aulas de educação física eram boas para
preparação das aulas de Matemática, eram um bom tranquilizante para os alunos,
era um bom meio de eles poderem estar com os outros, eram um bom meio de
partilha. Portanto, penso, já o tinha referido há pouco, é uma medida com
certeza mais que pensada e revista, não é nova, não é nada de novo, mas tem de
ser olhada com muita força, que é vamos dar condições de exercício físico às
populações, práticas desportiva aos jovens, vamos ensiná-los a competir porque
a vida é muito competitiva, a vida é uma competição. Primeiro competimos por um
lugar, depois de estarmos nesse lugar temos de trabalhar em equipa com as
pessoas com quem competimos primeiro, já viram isto? Já viram o que o Desporto
nos ensina, o que o Desporto nos dá? Quero ganhar a um companheiro meu um lugar
para jogar a quem depois vou ter de passar a bola; que grande lição que o
Desporto dá para todas as outras áreas.
Ok, não falo mais, vocês estão
fartos de mim e com a voz de ordem que venham as festas tradicionais!
[APLAUSOS]
Não percam tempo a dar palmas, vão
dançar! Se não vão vocês, vou eu com as caras bonitas que eu estou a ver.