Vamos dar início à nossa aula da manhã com um tema
que também não é um tema que consta em todas as Universidades de Verão. Foi
entrando e saindo de acordo com as evidências do momento político e foi
proposto pela primeira vez pelos vossos colegas nos exercícios de avaliação.
Não faz sentido que quadros políticos não tenham
ideia de como o Estado funciona, qual é a sua estrutura fundamental e quais são
os problemas essenciais que se colocam ao seu funcionamento.
O Governo de Portugal tem numa das suas prioridades a
Reforma do Estado e o Ministro que tem essa responsabilidade é o
Ministro-Adjunto e dos Assuntos Parlamentares. O Dr. Miguel Relvas foi
Secretário-Geral da JSD, foi dirigente da Jota durante muito tempo, quer em
Santarém quer a nível nacional, foi dirigente do Partido, foi Secretário-Geral
e actualmente tem a responsabilidade de várias áreas na sua dependência. Entre
elas a área do Estado e da Reforma Administrativa. Desejando-lhe a melhor sorte
para as suas funções e dando-lhe as boas-vindas para a Universidade de Verão,
passo a palavra ao nosso orador da manhã, Dr. Miguel Relvas.
Dr.Miguel Relvas
Bom dia a todos. Meu caro Carlos Coelho, tenho que
seguir a habitual tradição porque é justa, porque acreditamos, da primeira
referência que aqui fazemos quando chegamos, ano após ano, ser ao fantástico
trabalho que o Carlos Coelho tem desenvolvido ao promover, incentivar e manter
a qualidade que a Universidade de Verão do PSD e da JSD tem mantido ao longo
dos anos. O Carlos Coelho, posso dizê-lo sem ser desmentido, é - se não o
melhor - um dos melhores da nossa geração. Ele parece mais velho, mas não é.
Fizemos um caminho longo, eu, ele, o líder do nosso partido, Dr. Passos Coelho,
o Miguel Macedo e outros, vários. Ele foi quem nos liderou primeiro a todos, é
hoje uma referência no partido. Ele não gosta muito deste tipo de discursos,
mas eles têm de ser feitos, porque nós temos de ser justos e vocês que passam
aqui este ano, não voltarão cá para o ano, porque todos os anos mudam as
presenças na Universidade de Verão, mas vão ter oportunidade de mais tarde
verificarem como foi importante para a consolidação da visão pública e política
que tem, a participação nesta iniciativa.
Ao Duarte Marques, que conheço desde muito jovem, fui
eu quem lhe deu a ficha para se filiar na JSD, há muitos, muitos anos atrás e
lhe ofereci uma camisola da JSD em Mação há uns anos, somos da mesma região,
ele sempre mais cosmopolita que eu, depois desapareceu, andou por essa Europa
fora e hoje é Presidente da JSD, mas em nada me favoreceu quando fui
Secretário-Geral. Todos os dias tinha de aguentar a carga pesada que era o
Presidente da JSD a massacrar.
Também uma referência ao senhor Secretário de Estado
da Administração Local que foi Presidente de Câmara dos mais jovens, o senhor
Engenheiro Paulo Júlio, que vai realizar um grande trabalho no nosso país nesta
área da nossa reforma administrativa.
E dizer-vos, meus amigos, que na presença aqui hoje é
a primeira vez que vamos falar da reforma administrativa que está no País e eu
quis escolher a presença na Universidade de Verão.
A reforma administrativa é um grande contributo para
as gerações futuras e é determinante para a visão do Portugal que nós queremos
construir e que queremos consolidar numa perspectiva de desenvolvimento. E nada
melhor que fazê-lo com os jovens. Nada melhor que aproveitar aquele que é o
capital de esperança que está depositado em vocês e que poderá ser mais ou
menos potenciado com aquilo que nós formos capazes de fazer nos próximos anos.
A vossa energia é de facto a nossa motivação. A vossa
irreverência é para nós um ânimo. A vossa coragem tem que ser, para quem tem
hoje responsabilidades públicas, a nossa coragem. Tenho dito e volto a dizer, a
responsabilidade deste Governo é enorme. Para este Governo não há meio-termo,
vai ficar na História ou porque acertou ou porque falhou e nós sabemos que a
nossa motivação, o nosso estímulo, a nossa atitude, é a de que temos que
vencer.
Passaram-se apenas dois meses desde que o Governo
apresentou o seu programa na Assembleia da República e durante este curto tempo
o Governo já tomou um conjunto de medidas que deixaram bem claro o rumo que
Portugal iniciou. É um rumo marcado pela coragem em tomar medidas duras, mas
essenciais para o futuro do nosso País. Sem estas medidas, Portugal não teria futuro.
É um rumo marcado também pela verdade, um rumo que renega um passado fantasista
e de fantasia e cujos danos estão a ser agora pagos por todos nós. Por muito
grande que seja uma montanha não podemos vê-la se estivermos de costas voltadas
para ela.
Durante muito tempo, minhas queridas amigas, meus
queridos amigos, durante demasiado tempo houve quem não quisesse ver essa
montanha. O rumo deste Governo é difícil? Sim, é um rumo difícil que exige
coragem, inteligência e ousadia. Este Governo tem pela frente a missão mais
dura da história da Democracia Portuguesa, mas esta geração saberá assumir as suas
responsabilidades e Portugal, temos a firme certeza, será um país diferente e
para melhor daqui a quatro anos.
Todos nós nos lembramos: disseram-nos que não
seríamos capazes de conquistar a confiança dos portugueses e vencer as eleições
se disséssemos a verdade, se assumíssemos as enormes dificuldades que temos de
enfrentar e os sacrifícios a que todos juntos estamos a ser submetidos.
Disseram-nos que não seríamos capazes de interpretar este contexto de profundas
dificuldades como uma oportunidade para mudar, uma mudança que permita
construir um novo Portugal, um país capaz de crescer num desenvolvimento
sustentável, assente em contas públicas saudáveis, com uma iniciativa privada
energética e motivada para a criação do mais emprego, um país onde o trabalho,
o mérito e a ética sejam determinantes, onde os mais desfavorecidos não fiquem
para trás e onde tenham oportunidade para encontrar o seu caminho. Disseram-nos
isto tudo, mas nunca hesitámos em dizer a verdade. Os portugueses
mobilizaram-se e continuam a mobilizar-se cada vez mais para percorrer este
duro caminho que estamos a trilhar para encontrarmo-nos com a prosperidade.
Sim, os tempos são de facto difíceis, os tempos que
atravessamos são tempos que exigem políticas de rigor, de seriedade e de contenção
sem margem para folgas. Se os tempos difíceis que atravessamos exigem uma acção
persistente e tenaz sem margem para cedências, mas este Governo está a ser
capaz de mostrar que está em sintonia com estes tempos difíceis, de
dificuldades e tem mostrado saber interpretar os sentimentos de mudança. Este
Governo tem um caminho e não tem medo da mudança. A resignação tornou-se no
grande veneno dos dias de hoje: a resignação perante o bloqueio europeu,
perante o esgotamento dos modelos económicos que agravam o fosso perante os
mais ricos e mais pobres e que arrastam os Estados para os perigos da
insolvência, a resignação perante os constrangimentos sociais que bloqueiam as
energias criativas das novas gerações. Este veneno deve ser combatido sem
hesitações, precisa de ser combatido com ideias novas, com energias renovadas e
caminhos de mudança; nós recusamos baixar os braços porque nós acreditamos na
mudança, queremos ver a montanha de frente, as grandes mudanças são possíveis e
já começaram.
Todos nós sabemos que alguns dos problemas que
Portugal enfrenta hoje resultam dos erros cometidos ao longo de décadas e do
agravamento da situação nos últimos anos que contribuiu dramaticamente para
colocar o País à beira do precipício.
O País foi-se afundando na inacção e no agravamento
dos problemas estruturais. Portugal ficou amarrado no centralismo do Estado. O
Estado não pode continuar a ser um cortejo de privilégios e injustiças, temos
de quebrar convictamente com a centralização uniforme e esterilizadora, temos
de quebrar convictamente com o despotismo centralizado, temos de quebrar
convictamente com este Estado-esponja que absorve as energias e o incentivo dos
portugueses.
O diagnóstico está feito. O tempo é de olhar em
frente e de agir, agir contra o centralismo político, económico e social,
libertar as energias individuais e locais, promover o empreendedorismo, a
inovação social, potenciar a diversidade e a complementaridade. Essa essência
centralista do poder asfixiou-nos, retirou-nos capacidade, atitude e inconformismo,
por isso chegou a hora de mudar, a hora de fazer diferente porque queremos
resultados diferentes.
Minhas caras amigas, meus caros amigos, nós estamos
conscientes das dificuldades que temos pela frente, mas há uma certeza que vos
dou: não temos receio em enfrentá-las, não hesitamos na mudança.
O Governo assumiu perante os portugueses um
compromisso de executar uma reorganização da Administração Local até Junho de
2012 e foi hoje e apenas dois meses após a apresentação do programa do Governo na
Assembleia da República, o Governo está hoje em condições de apresentar a base
dessa reforma e os princípios orientadores. Temos ainda um caminho longo de
debate com a sociedade, de apresentação às entidades e às instituições que
estão nesta área. Hoje são as linhas gerais; é importante na vida pública e uma
lição sempre a tirar na vida pública é a de que a expectativa em excesso mata a
eficiência dos objectivos que nós pretendemos atingir. Estou com isto a dizer
que nós sabemos que este caminho é longo, tem o seu tempo de gestação, vai ter
o seu tempo de execução.
Este processo que vos vou aqui apresentar hoje é recente.
As linhas gerais são onze propostas de lei a serem debatidas no Parlamento; a
exigir a construção e a consolidação de entendimentos, a criar condições e
também a capacidade de saber ouvir; nós não temos a certeza de que todas as
medidas são medidas que não possam ser contraditadas, estamos disponíveis para
ouvir, ouvir partidos, ouvir instituições, ouvir personalidades; esse caminho é
o caminho da abertura, nós não temos aquela visão que infelizmente o anterior
Governo teve uma visão demasiado arrogante e muitas vezes sabichona. Nós
sabemos o caminho que queremos, mas estamos disponíveis, estamos abertos para
aqueles que querem connosco criar pontes, estabelecer entendimentos e que
connosco queiram dar propostas valorizadoras.
Esta reforma administrativa do Estado português
assume no seu código genético, e somos muito claros nisso, o reforço do
municipalismo como motor do desenvolvimento do País e uma nova abordagem em que
todos os actores do poder local são chamados a participar. É uma estratégia que
aposta na descentralização administrativa e na proximidade, uma estratégia que
traz ganhos de eficiência na gestão e afectação de recursos políticos e
potencia a economia de escala. Esta reforma administrativa do Estado português
irá permitir prestar melhores serviços públicos tendo em consideração as
especificidades locais e reforçar a coesão e competitividade territorial.
A reforma administrativa é um desígnio deste Governo
e é constituído por quatro eixos de acção: a reforma do sector empresarial
local, a reorganização do território, a adopção de um novo modelo de gestão
municipal, intermunicipal e de financiamento de municípios e de associações
locais, e a reforma da lei autárquica no âmbito da Democracia local.
Fechámos um ciclo, um ciclo desde o 25 de Abril foi
um ciclo que investiu nas infraestruturas; poderíamos dizer que Portugal, no
seu todo, está hoje dotado do hardwareadequado para enfrentar o futuro, o que necessitamos hoje é de gerar conteúdos,
gerar uma nova perspectiva de desenvolvimento social. Hoje, às Câmaras
Municipais e ao poder local e ao poder regional, o que se coloca não é fazer
mais infraestruturas, é saber potenciar aquelas que hoje existem. É essa a
nossa oportunidade. Gastámos muito ao longo das últimas décadas, gastámos.
Estamos a pagar por isso? Estamos. Exagerámos? Exagerámos. Então, vamos
transformar a fatalidade que construímos ao longo das últimas décadas numa
oportunidade. É essa a exigência que nós temos pela frente, a exigência de
saber potenciar mesmo aquilo que de menos bom fomos capazes de fazer e saber
tornar uma fatalidade numa oportunidade. Como percebem, o espírito reformista deste
Governo tem subjacente uma visão alargada e sustentável sobre o futuro da
Administração Central.
Queremos implementar uma agenda reformista e
inovadora, uma agenda que permita fazer mais com menos recursos – única via
para reforçar o municipalismo como instrumento de gestão do território.
Acreditamos que com a mentalidade aberta e envolvimento da sociedade portuguesa
e desde logo da Associação Nacional de Municípios e da Associação Nacional de
Freguesias venceremos este desafio, porque ambos temos o objectivo de vencer
desafios para os cidadãos. Este Governo iniciou este processo de reforma
administrativa combatendo o excessivo peso do Estado. Nesse sentido serão
também criados limites legais à criação de novas empresas municipais, para travar
o crescimento contínuo do sector empresarial local. Muitos dos que aqui estão,
nos seus concelhos encontram muitos exageros. Há bons exemplos? Há. Há
circunstâncias de situações de boas empresas municipais? Naturalmente que sim,
mas o inverso, o outro lado da moeda, é um lado perigosamente pesado e que está
ao nosso lado, que nos ameaça no nosso dia-a-dia. O Governo está a analisar o
custo-benefício de todas as empresas do sector empresarial local, tendo como
critérios a utilidade pública, âmbito de acção, com base de regras de mercado e
a sustentabilidade financeira demonstrada nos últimos três anos. Não podemos
permitir o crescimento contínuo do sector empresarial local; isso significa
mais despesa pública, mais desperdício e menos eficiência. Um Estado
sobredimensionado gasta mais e serve pior os cidadãos.
O Governo decidiu, assim, suspender a criação de
novas empresas até que a avaliação do sector empresarial local esteja
concluída; irá enviar para a Assembleia da República, já o seu debate foi ontem
marcado para 7 de Setembro, uma proposta com o novo enquadramento legal e a
criação e o funcionamento de empresas, fundações, associações e outras
entidades semelhantes pela Administração Local. Esta medida de controlo de
custos promoverá também a transparência no Estado, na medida em que a
constituição de novas entidades fica a partir de agora sujeita à
obrigatoriedade de prestação prévia de informações que irão permitir avaliar a
necessidade da sua criação. Adicionalmente, dentro de 90 dias, uma nova proposta
de lei sobre o sector empresarial local será submetida à apreciação da
Assembleia da República, consagrando novas regras. É uma decisão de coragem que
sinaliza de forma clara e inequívoca o caminho de rigor e de equilíbrio que
orienta este Governo.
A nível de organização de território será necessário
admitir que existe um número excessivo de freguesias, 4259 freguesias, em nome
da gestão e da sustentabilidade financeira será necessário proceder à
aglomeração de freguesias, tendo em conta uma nova abordagem. A classificação
em "áreas predominantemente rurais”, "áreas maioritariamente urbanas” e "áreas
predominantemente urbanas”, permitirá interpretar a realidade à luz dos
critérios da sustentabilidade e da racionalidade. Este é também o tempo certo para
apresentar um novo modelo municipal, intermunicipal e respectivo financiamento,
é o tempo certo para se ser mais eficaz e para os municípios integrarem
políticas, ganhar em escala e poupar em recursos, com vista à sua
sustentabilidade.
Este é o tempo das comunidades intermunicipais e das
áreas metropolitanas ganharem competências dos municípios e do Estado central.
Este é o tempo de cada município deixar de tratar de todos os problemas e
competências de forma individual e isolada. Este é o tempo de regular o
associativismo municipal, assumindo que nos últimos 20 anos foram sendo criadas
novas tipologias de associações de municípios, novas agências de
desenvolvimento e novas fundações mas sem uma visão integrada.
O actual modelo do poder local esgotou-se, o poder
local precisa de um novo paradigma e esta reforma constitui essa resposta. É
uma reforma política, de gestão e também uma reforma de território, é
ambiciosa, mas estes três pilares são decisivos porque não há uma verdadeira
reforma sem uma reforma que, em primeiro lugar seja política, em segundo lugar
tenha um modelo de gestão e que em terceiro lugar olhe para o território que é
no território que vivem as pessoas e é a partir do território que se gera o
desenvolvimento e num país desequilibrado como o nosso é, desequilibrado entre
o Interior e o Litoral. Os últimos censos são assustadores no acentuar dessa
realidade e também um país desequilibrado na relação entre a Administração e o
Cidadão, potencialmente sempre a favor da Administração, seja ela central, seja
ela local, ou seja ela regional, nós temos de ser capazes de seguir esse
caminho.
O Governo irá identificar duas comunidades
intermunicipais que irão servir de piloto. Nós acreditamos na validade da
experiência, na validade de sermos capazes de apontar uma perspectiva de um
modelo que se baseou na experimentação, na experimentação da realidade.
Acreditamos que todas estas reformas têm de ser feitas com os pés bem assentes
no chão porque queremos que elas tenham sucesso, porque estamos com convicção,
nós não estamos aqui para fazer um discurso político, para fazer uma
comunicação, para no fim subir ou descer nos jornais, para ter elogios ou menos
elogios. Estamos aqui porque acreditamos neste caminho, este caminho não tem
retorno e só pode ter uma solução: o de chegarmos à meta e de chegarmos com
sucesso e por isso esta experiência-piloto em termos intermunicipais é para nós
fundamental. É de um choque de gestão que falamos hoje, da urgência de mudarmos
todos de vida para todos termos uma vida melhor.
Mas esta resposta pretende ir mais longe, é preciso
também melhorar a qualidade da democracia local e o governo irá também
desenvolver todos os seus esforços junto dos partidos parlamentares para que
seja possível implementar una nova lei autárquica, alterando o método de
eleição, reduzindo o número de vereadores e reforçando os poderes de
fiscalização das assembleias municipais. Os municípios terão também de
acompanhar o esforço da racionalização ao nível da sua organização interna. A
título de exemplo, basta referir que existem no actual modelo de poder local
2078 eleitos entre Presidentes e Vereadores em 308 Câmaras Municipais e quase
3000 dirigentes na Administração Local portuguesa. Este notório excesso de
funcionários para a dimensão do território resulta de uma acumulação de erros
ao longo da última década e impõe-se agora corrigi-los com determinação. O
Governo irá assim apresentar nova legislação em permanente diálogo com os
autarcas no sentido de colocar limites aos dirigentes superiores e intermédios,
criando coerência com a dimensão dos territórios e com a sua densidade
demográfica. Também aqui é possível conseguir consideráveis poupanças para o
erário público e garantir a eficiência dos serviços prestados aos cidadãos.
Minhas queridas amigas, meus caros amigos, a reforma
do Estado traduz o compromisso deste Governo com a modernidade e com o Futuro,
é um compromisso geracional, é um compromisso com os mais velhos que ao fim de
uma longa vida activa têm agora a legítima de uma reforma tranquila e gostariam
de deixar aos seus filhos e aos seus netos um mundo melhor do que aquele que
herdaram dos seus pais e avós. É um compromisso convosco, um compromisso com os
mais novos, com os jovens que estudam para serem melhores e que acreditam na meritocracia,
acreditam que o trabalho compensa e esperam legitimamente encontrar o seu lugar
para dar o seu contributo ao futuro do nosso País. Esta é a vossa geração, as
vossas gerações que são gerações em que Portugal mais investiu ao longo da
nossa história. Temos hoje jovens bem preparados na Ciência, na Engenharia, na
Gestão, no Direito. Nós temos hoje das gerações mais bem preparadas da Europa,
jovens que estudaram, que se empenharam e que hoje querem dar o seu contributo
e que têm que emigrar ao contrário do passado nós hoje estamos a ter uma
componente exportadora de activos humanos de alta qualidade. No Passado, saíram
daqui pessoas que não tinham formação, tinham ambição de viver, nós hoje
estamos a preparar e investimos milhões e milhões de euros numa geração e
depois não somos capazes de lhes darmos aquilo que eles querem que é um emprego
e a expectativa de um futuro e nós, essa é a nossa grande responsabilidade
porque este Governo não está a prazo, este Governo tem um prazo, são quatro
anos e daqui a quatro anos nós temos que dizer que valeu a pena, que estamos
comprometidos com Portugal mas que acima de tudo estamos comprometidos com o
sucesso de Portugal.
A todos dizer-vos que agora estou disponível para as
perguntas todas que quiserem, das mais difíceis às mais fáceis, dizer-vos que
mais uma vez escolhi este espaço hoje para apresentar os quatro pilares da
reforma administrativa porque acho que este é um compromisso com o futuro. A
vossa coragem é o nosso GPS, a vossa coragem é a certeza que nós temos que
vamos ultrapassar todas as dificuldades, vamos ter muitas dificuldades, em
Portugal todas as reformas são sempre criticadas. Eu ontem tive a oportunidade
noutra área que tutelo na área da Comunicação Social do Estado de apresentar
reformas profundas que só visam que os portugueses possam gastar menos, que se
possa gastar menos em Portugal para que os portugueses paguem menos impostos, é
disto que se trata. Eu devo dizer-vos que só há uma maneira de estar na vida
pública: olhar para o euro público com a responsabilidade de sabermos que
aquele euro foi pago por um português que tem necessidade que esse euro seja
bem gasto, é a única maneira, que vale e nos leva a motivar aqui a estar. É com
esse compromisso que aqui vim hoje e é com esse compromisso que continuarei nos
próximos meses.
Muito obrigado.
[APLAUSOS]
Duarte Marques
Bom dia a todos. Vamos passar agora para a fase das
perguntas e respostas.
A primeira pergunta é do Grupo Encarnado e tem a
palavra o Rui Miguel Silva.
Rui Miguel Silva
Bom dia a todos. Quero começar por agradecer a
presença do senhor Ministro aqui na Universidade de Verão.
É certo e sabido que Portugal atravessa uma grande
crise económica e consequentemente o Estado, numa tentativa de fazer face ao
aumento da despesa e às consequências que daí advêm, tem procurado buscar
incessantemente o aumento da receita. Gostaria que nos falasse um pouco sobre
as intenções deste Governo sobre as privatizações. Quais as consequências
imediatas para o cidadão português?
No caso concreto da RTP continuará a fazer um serviço
de qualidade aos portugueses? No meu caso em concreto, que sou de Oleiros,
gostaria de saber o que poderá acontecer às delegações regionais, uma vez que
são elas que mais mostram o Interior do nosso País.
Obrigado.
Dr.Miguel Relvas
O reitor desta Universidade conhece bem a vida
política, por isso obriga a que as perguntas sejam feitas uma a uma e não em
grupos de três ou quatro para que não haja a tentação de se responder apenas ao
que dá mais jeito...
Meus amigos, as privatizações, algumas delas,
decorrem do memorando que foi assinado pelo Governo anterior. A diferença é que
o anterior Governo fazia privatizações porque precisava de dinheiro, nós
fazemos as privatizações porque achamos que é melhor para a Economia, há aqui
uma diferença muito grande. Nós entendemos que quem gera riqueza não é o
Estado, o Estado distribui e gasta... e nem sempre bem. Quem gera a riqueza são
as pessoas e são as empresas.
O que vai acontecer na RTP é que a RTP é a alienação
de um canal. O que chamam de privatização da RTP é a alienação de um canal, a
RTP vai continuar com um canal genérico para todo o país, tem a RTPN que será
alterada dentro de dias e será muito mais atractiva porque será reforçado o seu
contexto e depois tem aquilo que tem de ser a nossa jóia da coroa que é a RTP
Internacional versus a RTP África,
sendo dois canais diferentes, mas têm de ser a nossa jóia da coroa, porque não
podem deixar de ser um instrumento fundamental para a afirmação de Portugal. E,
portanto, aí vamos apostar a sério, nós queremos que a RTP Internacional seja a
TV de Portugal, não a TV da saudade. Eu nestes últimos cinco anos trabalhei
fora de Portugal, uma semana por mês estava em Portugal. O que é que eu via na
RTP Internacional? Muito folclore, algum Fado e às sete da manhã o trânsito na
circunvalação do Porto, Odivelas e Loures. Estando eu em São Paulo, Fortaleza, [trabalhei
nesses anos no Brasil] passei a ser um verdadeiro conhecedor do trânsito em
Loures, Circunvalação, IC19... disso eu sabia, mas não sabia outras coisas de
Portugal, não sabia que hoje Portugal tem um sector vitivinícola fantástico,
que temos dos melhores vinhos do mundo, dos melhores azeites do mundo, que
temos hoje empresários fantásticos, que temos empresas no sector das TI
(Tecnologias de Informação) de primeiro mundo; não sabia que tínhamos gente
empreendedora fantástica, que temos Universidades hoje na área tecnológica como
a Universidade de Aveiro que é do mais desenvolvido da Europa e do Mundo; esse
Portugal como é, eu não conhecia e a
RTP Internacional tem de traduzir esse Portugal como é, não vai traduzir nos
próximos anos o Portugal de há 20, 30, 40 ou de há 50 anos.
Até porque hoje muitos daqueles que são os
consumidores da RTP Internacional são gente de uma outra geração, de uma outra
visão e com uma outra exigência.
Depois a RTP África é outra matéria porque têm muitos
conteúdos da comunidade lusófona e isso deve ser estimulado. Nós somos
pequenos, mas temos de ser ambiciosos. Temos que ser ambiciosos e portanto nós
já que vamos gastar, vamos gastar bem; o grande grau de exigência é: temos que
fazer, temos de gastar e gastar bem.
Sobre as delegações regionais, sobre essa matéria tem
de haver racionalidade. Eu pedi ao Presidente da RTP e da Lusa que potenciem
energias. Eu vou-vos dar um exemplo: distrito de Faro, a RTP tem uma delegação
que custa 1 milhão e 170 mil e a Lusa tem uma delegação que custa 170 mil
euros. Isto não tem lógica: nem a delegação da RTP pode custar 1 milhão e 170
mil, porque a RTP ali também está em competitividade com os canais privados que
não fazem pior. Eu já vi haver notícias em zonas que a RTP tem correspondentes
e chegar primeiro a SIC e a TVI, já vi e os profissionais da SIC e da TVI sabem
disso. Agora, que a RTP tem profissionais de grande qualidade, tem; que
Portugal tem razões para ter orgulho na RTP, tem; nós temos uma das boas
televisões públicas da Europa. E muitas das sinergias que podem ser criadas e
muitos dos ganhos que se podem ter, não vai afectar os bons profissionais, até
sei de alguns bons profissionais que deviam ser mais valorizados.
Eu ainda ontem tive oportunidade de explicar em
pormenor, a oposição zangava-se muito comigo porque acham que se deve gastar,
eu acho que não se deve gastar, eu não sou obcecado com as contas, mas sou
obcecado com os resultados. A minha experiência no mundo da gestão ensinou-me
isso. Nós temos de chegar ao fim do ano e apresentar contas.
Não aceito que se gaste quase 2 milhões por ano na
EuroNews e depois a RTP1 não dá nada, a RTPN não dá nada, a RTP Madeira e
Açores passa entre a meia-noite e as seis da manhã. E gastamos 2 milhões de
euros por ano no projecto EuroNews e não precisamos dele. São 26 tradutores, é
um projecto de linha editorial, diziam-me ontem: "é um projecto de Cidadania
Europeia”. Se é um projecto de Cidadania Europeia, vamos construi-lo a partir
de Lisboa com os nossos profissionais. Podemos olhar para a Europa, temos
acesso à informação. Depois, "quem não tem dinheiro, não tem vícios”, nós temos
de ser racionais.
Perguntavam-me se a RTP pode ter delegações em todo o
Mundo: podia! Nós não temos dinheiro, então onde é que nos vamos concentrar?
Vamos concentrar em países de Língua Portuguesa, aí é determinante, aí é
afirmar Portugal, aí temos de gastar bem, mas temos de estar lá. Em Bruxelas?
Naturalmente; é onde se passa tudo. Em Washington? Temos de estar porque são os
Estados Unidos, a sede do Fundo Monetário Internacional é lá. Depois temos de
estar em Espanha? Eu não discuto, temos de estar em Espanha, é um país que aqui
está ao lado, o nosso futuro está muito interligado com Espanha e depois temos
de ser muito rigorosos onde vamos gastar os nossos meios, eu acho que é
possível fazer uma televisão melhor, mais eficiente, gastando menos, acho
mesmo. Os tempos vão nos dar razão.
Agora, eu sei que sempre que falo da privatização de
um canal da RTP, na semana seguinte há logo um semanário que me bate muito,
levo muita pancada, mas eu estou neste lugar porque tenho a confiança do
Primeiro-Ministro, e segundo, porque acredito que este é o caminho para
Portugal. Mexe com interesses instalados? Mexe. Ninguém quer concorrência nos
seus sectores, não, mas temos de olhar para a frente.
[APLAUSOS]
Duarte Marques
Muito obrigado, senhor Ministro. Dou agora a palavra
ao Pedro Sousa do Grupo Verde.
Pedro Sousa
Em primeiro lugar, gostaria de cumprimentar e
agradecer a vinda do senhor Ministro à Universidade de Verão.
Senhor Dr. Miguel Relvas, numa altura em que a grande
preocupação do Estado português é a liquidação da dívida externa através dos
cortes da própria máquina estatal e dos diversos sacrifícios pedidos aos
portugueses, pergunto-lhe se acredita que estes vão ser os grandes pontos da
reforma do Estado ou se existem prioridades, nomeadamente no âmbito
económico-social, a estabelecer?
Obrigado.
Dr.Miguel Relvas
Acho que sim, esse é o caminho. Nós temos de pôr a
Economia a crescer, temos de cortar no Estado. O que o senhor Ministro das
Finanças vai apresentar em global é que pelo lado da Despesa serão cortados
dois terços e pelo lado da Receita um terço. O que o senhor Ministro das
Finanças vai hoje apresentar é um caminho de exigência, é verdade, mas é um
caminho de grande seriedade, de grande rigor; hoje é uma apresentação global, a
apresentação pormenorizada é depois o próprio Orçamento de Estado, mas mesmo
globalmente assumir já o compromisso firme claro e objectivo de que os cortes
são de dois terços pelo lado da Despesa e um terço pelo lado da Receita, é
muito encorajador, exige muita coragem, mas também é um sinal muito importante
dado ao País.
Duarte Marques
Muito obrigado, senhor Ministro. Segue-se Ronaldo da
Rosa, Grupo Cinzento.
Ronaldo da Rosa
Bom dia a todos os presentes. Bom dia sobretudo à
distinta mesa e ao Dr. Miguel Relvas, porque é um grande prazer ter aqui uma
das grandes figuras do PSD connosco, um homem que toda a vida tem lutado a
favor do País e a favor das ideias em que acredita.
O meu nome é Ronaldo Rosa, sou dos Açores e o Grupo
Cinzento gostava de fazer a seguinte pergunta: considera que o desaparecimento
dos Governos Civis mudou em algum aspecto o diálogo entre o Governo e os
Distritos? E sabendo que a própria divisão administrativa em Distritos se rege
por características histórico-geográficas, bem como sócio-económicas, será
consensual à futura reorganização desta estrutura um futuro processo de
regionalização?
Obrigado.
Dr.Miguel Relvas
Obrigado, Ronaldo.
Eu acho que os Governos Civis eram uns verdadeiros
furúnculos da Democracia Portuguesa.
Acabaram há dois meses, alguém se lembra deles?
Alguém teve alguma necessidade de tratar alguma coisa num Governo Civil? Aliás,
eu até devia dizer uma coisa: os últimos Governadores até deviam estar
agradecidos ao Governo porque foram os últimos. Portanto, nós colocámos na
História os últimos Governadores Civis, que foram 18 socialistas. Deviam estar
agradecidos.
[APLAUSOS]
Eu, em 2002, fiquei conhecido por "Pina Manique dos
Governadores Civis” porque sempre disse que era contra, depois tirei-lhes uma série
de competências. Para vos dar um exemplo à época: o licenciamento de gatídeos,
canídeos, tinha que se ir ao Governo Civil; um indivíduo queria lançar
fogo-de-artifício em Arcos de Valdevez tinha de ir a Viana do Castelo. Isto era
terceiro-mundista, era do século passado. Lutei muito, depois o Governo não
teve coragem para levar essa reforma até ao fim e devo dizer que tenho muito
orgulho em estar neste Governo e ter este Primeiro-Ministro que a primeira
decisão de um Conselho de Ministros foi de extinguir os 18 Governadores Civis e
ter passado à História 18 portugueses, ilustres certamente, em cada um dos
Distritos e ter criado condições para se tornar ágil. Esta Reforma é possível,
é um passo seguinte a isso.
Quanto à Regionalização, eu acho que a divisão administrativa
do País mais acertada que nós temos é das cinco unidades estatísticas que hoje
já existem. Nós temos que ir mais longe: temos 308 municípios, 4259 freguesias,
portanto temos de criar e poder ter entidades que recebem competências
delegadas pelos municípios e competências da administração central.
Eu vou dar-vos dois exemplos, um que uso sempre muito
quando há fogos. O nosso Presidente da JSD é de Mação, que é dos concelhos hoje
mais bem preparados nessa matéria, mas já foi um dos mais sacrificados em 2003.
Eu lembro que era Secretário de Estado da Administração Local e Mação foi quase
destruída; depois há o Sardoal, São Pedro do Sul e todas as outras zonas de
Floresta, e o que é que a gente vê? Vê os carros de bombeiros a virem pela auto-estrada.
Porquê? Porque as grandes cidades é que têm os meios de combate a incêndios mais
dotados, mas a zona que tem a Floresta não os têm. Eu pergunto assim: não acham
que era normal que, por exemplo, os Bombeiros, (falando de protecção civil)
fossem geridos no âmbito da área metropolitana de Lisboa, ou do Porto? Por que
é que há-de ser cada município?
Outro exemplo: porque é que a programação cultural
não é feita nas áreas metropolitanas ou nas comunidades intermunicipais? Eu sei
porquê? Porque depois já não toca o cantor amigo do autarca, já não expõe o
autor que está ligado ao partido que está no poder. Isto exige depois outra
visão, mas custa muito mais, é muito mais atarracado, é uma visão atarracada de
Portugal. Portanto, nós temos de ser capazes, podemos dar mais. Eu pergunto
porque é que muitas das aquisições de serviços não é feita em conjunto se vão
pagar menos por isso? Portanto, há muito interesse e muito clientelismo
instalado.
[APLAUSOS]
Duarte Marques
Muito obrigado, senhor Ministro.
Maria Inês Abreu do Grupo Castanho.
Maria Inês Abreu
Muito bom dia. O Grupo Castanho tem uma pergunta
muito simples: até que ponto é que as medidas aqui apresentadas pelo senhor
Ministro, baseadas no compromisso elaborado pela Troika, se inspiram no PRACE
que foi apenas parcialmente aprovado no primeiro Governo de José Sócrates e que
teve como principais objectivos o emagrecimento do Estado, a desburocratização,
a extinção de serviços ou funções sem utilidade e a necessária transparência da
Administração Pública para de uma vez começar o extermínio da corrupção?
Obrigada.
Dr.Miguel Relvas
O PRACE foi um bom projecto, o professor Bilhim fez
um bom trabalho. O Governo é que não o executou, essa é que é a questão. O
PRACE é um bom documento de partida, nós aliás estamos a fazer o PREMAC que
estará pronto até Outubro com extinção e fusão de institutos, Direcções-Gerais,
serviços e fundações, e muito do trabalho que está a ser feito também vem de
trás. A grande questão em Portugal não é continuar a olhar para o diagnóstico.
Ele está feito. Nós sabemos onde estão, o problema é ter coragem e arcaboiço
para poder abrir jornais e poder ver que há campanhas organizadas e que há
ataques que são feitos e que as pessoas atacam os interesses que estão
instalados, agora, o que eu vos digo é que chegou o tempo de não olhar mais
ninguém. Este Governo não pode olhar para o futuro a partir do espelho
retrovisor e não o está a fazer.
O Governo anterior teve seis anos a olhar para o futuro
a partir do espelho retrovisor, não foi capaz de olhar para a frente, com
coragem, dar o peito às balas e deixou Portugal no estado em que ele está. Sem
estar aqui a falar do Passado, mas de vez em quando também é bom recordar,
vamos lá a ser sérios, de vez em quando é bom, porque eles ainda não houve a
missa do sétimo dia e parecem que não têm nada a ver com o que se passou.
Eu ouvi outro dia o líder do partido socialista a
falar e parecia que ele não viveu em Portugal nestes últimos seis anos, deve
ter sido embaixador algures na Europa, porque ele não tinha nada a ver com
nada, já estava muito ágil, cheio de músculo para…, enfim, quem tem uma herança
ainda, aquela herança é que merecia mesmo um imposto. Eu que não sou favorável
ao imposto sucessório, aquela merecia mesmo um imposto, porque aí seria justo,
terem de pagar pelo que fizeram, mas nós não estamos aqui permanentemente a
olhar para trás nessa lógica, temos de olhar para a frente.
Nós temos de abordar estas reformas sendo felizes,
digo-vos isto sinceramente, quem olha para uma reforma, quem quer governar um
país com apreensões, preocupações, depressões, não vai lá. Nós temos de ser
capazes de todos os dias deitarmo-nos e estarmos felizes com o que fizemos, se
formos capazes de nos deitarmos todos os dias felizes com aquilo que fizemos
vamos lá. Depois, cada dia é um dia, acordamos todos os dias, enfim, um
indivíduo em vez de acordar às sete, acorda às seis, apreensivo com o que tem pela
frente, com o dia para fazer, é duro, mas, enfim, quem não quer ser lobo não
lhe veste a pele, não é? Portanto, têm todos de estar nessa lógica. Neste
Governo têm todos essa qualidade; é um Governo muito coeso. Eu sou muito
suspeito nisso, porque sei, conheço há trinta anos, Portugal tem hoje o
Primeiro-Ministro que precisava de ter. É uma pessoa muito bem preparada, muito
analítica, muito decidida, é a pessoa com maior capacidade de decisão que eu
conheci, é o actual Primeiro-Ministro e líder do PSD, estou a dizer isto já
registando os meus interesses, sou amigo dele, conheço-o há muitos anos, mas é
verdade, não têm estados de espírito (não é uma pessoa apreensiva), sabe o que
tem de fazer e faz, esta é uma grande qualidade, é um bom chefe de equipa.
Eu e o Carlos Coelho conhecemo-lo bem, é um bom chefe
de equipa, este Governo nem parece de coligação, há um entendimento perfeito,
este Governo parece uma orquestra sinfónica, não há uns a tocar para um lado e
outros a tocar para outro. E quando se tem um Governo que é uma orquestra
sinfónica tudo é mais fácil.
Duarte Marques
Muito obrigado, senhor Ministro.
Mário Paulino do Grupo Azul.
Mário Paulino
Bom dia, senhor Ministro. Gostaria, antes de mais,
dar-lhe os meus mais sinceros votos da maior felicidade em todas as medidas
corajosas que certamente este Governo ainda terá de enfrentar.
Ora, tendo em conta a actual a insustentabilidade
extrema em que o País se encontra e a consequente necessidade de medidas
audazes que tragam resultado positivo a curto e médio prazo, até que ponto acha
que as reformas primárias a serem efectuadas deveriam ser no sentido de tornar
funcionais, produtivos e céleres todos os mecanismos de actuação do Estado,
passando pela reestruturação dos mesmos.
Dr.Miguel Relvas
Como eu disse, nós queremos ir mais longe, queremos
ir mais alto, acho que a reestruturação é uma reestruturação que já tem uma boa
base de hardware, vou-vos dar um
exemplo da minha área, das Lojas do Cidadão, (já agora, vou anunciar aqui em
primeira mão um projecto que estamos a estudar de uma loja universitária na
Universidade de Aveiro). Repito, vou dar-vos um exemplo: porque é que as matérias
de licenciamentos da Direcção-Geral de Economia não hão-de ser na plataforma
das Lojas do Cidadão? Se está lá, se está feito o investimento, não pode ser
cada um dono do seu quintal.
A Loja do Cidadão e a sua plataforma que está
subjacente é um motor principal do combate à burocracia em Portugal.
A Loja do Cidadão só se tem de tornar indispensável
para ser presencial para duas coisas: para os info-excluídos, que felizmente
são cada vez menos, as novas gerações podem tratar a partir de casa, e para
tirar o cartão de cidadão e o passaporte, porque exigem os dados biométricos.
Muitos dos outros serviços, vocês a partir de Castelo de Vide deviam ter
condições para resolver esse assunto, porque só assim é que se justifica que
nós tenhamos investido tanto em telecomunicações. Se somos dos países mais bem
dotados na Europa porque é que depois não potenciamos?
Eu dou-vos um exemplo. Eu sou de Tomar. Há um
hospital em Tomar, um em Torres Novas e outro em Abrantes. O diâmetro da
distância entre eles são 20 kms, estão os três ligados por auto-estrada,
digam-me qual é o país da Europa que nestas circunstâncias tem três hospitais,
conhecem algum? Não? Eu também não.
Bem, por isso é que estamos com o défice que estamos.
Gastar, nós sabemos. Só que agora entrámos na fase de, eu já nem digo poupar,
digo racionalizar, mas também foi assim nas famílias. O problema é que em
Portugal se endividou o Estado, que deu o mau exemplo e depois endividaram-se
as Empresas e depois endividaram-se as Famílias. Portanto, acabamos todos por
estar nas mesmas circunstâncias e agora o esforço vai ter de ser das Empresas,
das pessoas, mas acima de tudo, o grande exemplo, porque os exemplos vêm de
cima, tem de ser do Estado.
O próximo Orçamento de Estado tem de ser um exemplo
claro e inequívoco e vai ser um exemplo claro, inequívoco e objectivo de que
mudámos de vida e de que queremos ir mais longe e vamos ser capazes de ir mais
alto.
Duarte Marques
Muito obrigado, senhor Ministro. Dou agora a palavra
ao Francisco Nunes Pereira do Grupo Rosa.
Francisco Nunes Pereira
Muito obrigado, caríssima mesa. Em primeiro lugar,
deixe-me felicitá-lo senhor Ministro pela magnífica apresentação com que nos
presenteou esta manhã.
Falar de Reforma do Estado é em certa medida falar na
forma como o Estado deve intervir na Economia. Nalguns sectores deve ser actor
e noutros sectores deve-se manter à margem actuando como árbitro.
Deixe-me pegar nesta questão: todos nós sabemos que
na Economia portuguesa a concorrência não abunda e todos nós sabemos que isso é
essencial para promover o crescimento do nosso País. Aquilo que o Grupo Rosa
gostaria de saber era, o que é que está a ser preparado no Governo para
fomentar a regulação e fomentar a concorrência?
Muito obrigado.
Dr.Miguel Relvas
Essa pergunta tem a resposta naquilo que temos dito.
Parte da saída da crise em que estamos é no crescimento da Economia e da
Economia com concorrência. Não há outra forma, isto precisa de várias reformas.
Precisamos de fazer reformas na Justiça, que são determinantes para a Economia,
precisamos do Estado a gastar menos para libertar a Economia. Nós fechamos
mesmo um ciclo. A entrada da Troika em Portugal não foi só, acabou por ser mais
que uma intervenção económica e financeira, acaba também por ser uma marco
cultural para percebermos que batemos fundo, que fomos longe demais, que
abusámos.
Vejam uma coisa: a Espanha, amanhã vão ter aqui o futuro
Primeiro-Ministro da Espanha, em trinta anos nunca fez uma revisão
constitucional e ele, numa atitude fantástica e de respeito para com Portugal e
para com o PSD, o futuro Primeiro-Ministro de Espanha vem aqui, vai sair daqui
de carro para Madrid porque no dia seguinte tem uma reforma constitucional.
Va lá! Em Espanha perceberam que para não chegarem ao
que nós chegámos, os dois maiores partidos entenderam-se e vão pôr um limite ao
défice na Constituição espanhola. Estamos a falar de um país que nunca fez uma
reforma constitucional e nós fizemos para aí umas dez. Enfrentaram o problema
antes e nós tivemos uma visão obcecada nos últimos seis anos que confundia a
realidade com a ilusão e, portanto, agora vamos ter de fazer mais depressa
aquilo que podíamos ter feito antes voluntariamente e a outra velocidade. Mas o
que é importante é que daqui a quatro anos – como eu disse há bocado, este
Governo não está a prazo, tem um prazo de quatro anos – temos que lançar,
assumirmos e sermos avaliados por aquilo que fizemos, pelas pistas que criámos,
pelas dificuldades que torneámos, pelos obstáculos que ultrapassámos. É esse o
caminho.
Duarte Marques
Muito obrigado, senhor Ministro.
Agora a Alexandra Pereira Rebelo do Grupo Laranja.
Alexandra Pereira Rebelo
Bom dia, bom dia a todos. Senhor Ministro é com
enorme prazer que lhe agradecemos a sua presença.
A minha pergunta prende-se com o seguinte: acha que
deve haver limites à criação de empresas pelas Câmaras? As próprias Câmaras não
deviam planear a racionalização das despesas, na área de Pessoal não despedir
mas congelar entradas e implementar os seus próprios sistemas de mobilidade de
pessoal? Se sim, porque é que o Governo não faz esse apelo aos Presidentes de
Câmara?
Obrigada.
Dr.Miguel Relvas
A Alexandra é filha de um grande amigo meu, já começa
a revelar dotes na Política. Ele também andou comigo na JSD há uns anos que era
o Rodolfo Coelho, também é amigo ali da Paula Sá e do Carlos Coelho. Ela fez a
pergunta e deu a resposta. É isso que nós estamos a fazer, que temos de fazer,
que nos é exigido e vamos seguir esse caminho. Estamos a fazê-lo, mas de uma
forma mais vasta, quisemos ir mais longe, por isso é que eu apresentei quatro
pilares, que depois vai ser desenvolvido. Eu não posso apresentar aqui em
pormenor porque primeiro tem de ser apresentado aos restantes membros do
Governo, aos partidos, ao Parlamento. Quisemos sinalizar aqui perante os jovens
uma reforma de futuro. Foi isso que fizemos.
Duarte Marques
Muito obrigado, senhor Ministro.
João Marques Franco do Grupo Amarelo.
Joao Marques Franco
Bom dia, senhor Ministro. Eu devo-lhe dizer que
enquanto liberal acho que a manhã está a correr lindamente e a pergunta também
vai nesse sentido, vai no sentido de perceber que exigência deve o Governo
fazer aos funcionários públicos? Nós constatamos que os funcionários públicos
trabalham das nove às cinco e os privados em tendência das nove às seis. Eu
enquanto funcionário numa empresa privada se não cumprir as minhas funções
posso ser facilmente despedido, o mesmo não acontece com os funcionários
públicos. Eu gostaria de perceber qual é o papel do Governo nessa diferenciação
e se não deve exigir o mesmo aos seus próprios funcionários.
Dr.Miguel Relvas
Está a ser feito nessa área, está no Ministério das
Finanças, o que vos posso dizer é a minha opinião pessoal. Eu acho que não há
portugueses de primeira e portugueses de segunda, nos direitos e obrigações.
Duarte Marques
David Castro do Grupo Bege.
David Pereira de Castro
Muito bom dia a todos. Agradecer desde já a
participação do senhor Ministro na UV e o Grupo Bege gostava de fazer
referência à questão do regime especial de mobilidade da função pública que foi
criado há já alguns anos, sem que a sua utilização tenha tido, desde então, a
magnitude que se antevia.
Qual é, do ponto de vista do Governo, o seu papel, na
urgente reforma do Estado e na realocação de recursos na Economia, dentro e
fora do sector público e quais as suas limitações sociais e éticas à sua
utilização?
Dr.Miguel Relvas
Temos e estamos a fazer o PREMAC, o corte da Despesa,
o PES que foi o apoio social. Esta reforma é uma reforma que é violenta, é dura
e obriga a que o Estado tenha que estar à altura de olhar para aqueles que são
os mais frágeis. Há gente que fica para trás e essa gente que fica para trás e
para esses tem de haver apoios, temos de ser muito exigentes e muito rigorosos
com o apoio social.
Nós temos um contrato com o País e com o Futuro e não
somos reféns de interesses particulares, portanto é esse caminho que nós
estamos a seguir. Um contrato com o País e com o Futuro significa ir sempre
para além do curto prazo. Vejam uma coisa: ainda estamos à espera que os outros
partidos digam o que querem. Este Governo apresentou uma proposta inovadora em
trinta anos de Democracia, trinta anos, de que os Directores-Gerais passem a
ser nomeados por concursos e não pelos membros do Governo e pelo partido que
chega ao poder. Está a ser discutido agora pelos Sindicatos, tudo por concursos
e o Ministro escolhe entre três pessoas que são apuradas.
Este é um caminho de moralização da vida pública, de
engrandecimento da Administração Pública, portanto, é um caminho diferente, é
isso que nós estamos a fazer.
Duarte Marques
Muito obrigado, senhor Ministro.
António Roxo do Grupo Roxo.
António Roxo
Antes de mais nada, bom dia, senhor Ministro. Uma das
coisas que eu lhe queria dizer é que eu sou de Lisboa e ao contrário dos meus
colegas não tenho Câmara PSD. Naquilo que puder fazer também nas próximas
eleições, de voltarmos a ser PSD, fico-lhe desde já agradecido.
A segunda coisa e a pergunta do Grupo Roxo é: tendo
em conta que alguns municípios fizeram o seu trabalho em matéria de recursos
humanos, vindo a reduzir o quadro do pessoal, como irá o Governo, neste caso,
«separar o trigo do joio» de modo a atingir o objectivo de redução de 15% para
o quadro dos dirigentes naqueles municípios que já tem feito ao longo dos anos
algum trabalho nesse sentido?
Dr.Miguel Relvas
Eu não vos posso contar tudo sobre isto, senão começo
já a assustar muita gente. Vamos fazê-lo, os objectivos vão ser atingidos, vão
ser apresentados, mas se eu dissesse aqui era capa dos jornais amanhã.
Duarte Marques
Muito obrigado.
Agradecendo desde já a brevidade nas respostas e a
vocês também a brevidade das perguntas, deixou-nos imenso tempo para fazer o
"Catch the Eye”. Sobre o "Catch the Eye” queria dizer uma coisa. Já vejo ali o
Joaquim com a mão no ar. Vai ser muito injusto até ao final, vamos ter de
diminuir a injustiça das escolhas que temos de fazer. Nós estamos a apontar
toda a gente que já fez perguntas, para que todos possam fazer, para não serem
sempre os mesmos. Por isso, eu vou pedir àqueles que se inscreveram, aqueles
que não perguntaram ontem terão prioridade hoje e até ao final da semana todas as
sessões do "Catch the Eye” vamos tentar que todos possam colocar as suas
questões, tentando aqui gerir um bocadinho no improviso aquilo que são os
vossos pedidos.
Eu tenho já uma inscrição do André, do Rui, do
Carneiro já tinha visto.
Eu vou já apontando. A primeira vez que vou dar a
palavra vai ser a um participante de Mação que é para simbolizar o início:
André.
André Serras
Antes de mais, bom dia a todos. Bom dia, senhor
Ministro.
A minha pergunta é uma curiosidade. Após o senhor jornalista
Mário Crespo ter escrito um livro como a Última Crónica como é que a oposição
se pode sentir ameaçada no caso de o ter enviado para Washington? Isso não é
verdade, já o desmentiu, mas por que motivo se sente a oposição ameaçada?
Hugo Carneiro
Antes de mais, bom dia, felicitá-lo pela coragem na
abordagem destas questões da reforma administrativa e que a nós, jovens, diz
tanto porque estamos mais próximos do poder local do que propriamente do poder
central.
A questão que eu gostava de lhe colocar é transversal
e afecta toda a Administração Central, toda a Administração Local e Regional e
é uma matéria muito importante. A redução das empresas municipais é uma boa
medida se for acompanhada dos instrumentos que os municípios carecem para que
ela seja eficaz. Ou seja, nós sabemos que muitos dos funcionários das câmaras
municipais estão destacados nas empresas municipais, portanto, uma efectiva
redução de custos em termos de finanças publicas, uma poupança de recursos
financeiros em termos de finanças públicas, só será verdadeiramente eficaz se
equipararmos a lei e o estatuto da função pública ao Código do Trabalho. Vamos
ter a flexibilidade de despedimentos que o Código do Trabalho permite, no
âmbito da função pública? É a minha questão.
Pedro Roberto
Bom dia, senhor Ministro, Dr. Miguel Relvas. A minha
pergunta vai no sentido das privatizações. Já há pouco abordou a questão, mas queria
pedir-lhe algum comentário sobre a questão das Águas de Portugal. Foi
anunciado, salvo erro, há cerca de 48 horas pelo Governo que a privatização vai
efectivamente avançar para inícios de 2012. Não parece que nesta altura do
campeonato seja algo questionável porque efectivamente isso é parte integrante
do memorando que está assinado com a Troika, mas pergunto sobretudo se houve
algum desconforto por parte do CDS, nomeadamente Paulo Portas, em relação a
essa privatização e perguntava-lhe também, se o facto de estarmos a falar de um
bem escasso, de um bem limitado e de um bem que deve ser ou que é do domínio
público, se o Governo vai gerir isso com pinças.
Obrigado.
Dr.Miguel Relvas
Muito obrigado.
Começando pelo fim. Não houve nenhum problema na
coligação, pelo contrário, o que está em causa está no programa do Governo e
foi acordado com a Troika é a gestão, não é a privatização da Água, que ainda
exige uma reestruturação profunda, exige integração de sistemas municipais,
multimunicipais e também exige entendimentos com municípios.
A segunda questão, eu já disse, quero dizer eu
pessoalmente (não é a opinião do Governo, é a minha pessoal) entendo que todos
os trabalhadores devem ter direitos iguais e obrigações iguais, temos de
caminhar nesse sentido.
Quanto à questão do Mário Crespo, acho que é visível,
tenho uma estima grande pelo Mário Crespo, ele disse que eu não o convidei, a
direcção da administração da RTP diz que não o convidou, a administração da RTP
diz que não o convidou, o Presidente do Conselho de Opinião diz que nunca foi
debatido. Há um jornal que diz que foi, o que é que eu hei-de fazer? Eu já
disse: se alguém provar que eu o tenha convidado eu vou a pé a Fátima.
[APLAUSOS]
Duarte Marques
Muito
obrigado, senhor Ministro. Dava agora a palavra ao Afonso do Grupo Laranja e de
seguida prepara o José Vitorino do Grupo Verde.
Afonso Leitão
Bom dia, senhor Ministro. A minha Câmara também é PS,
que é em Seia no distrito da Guarda, que é também para combater em 2013. A
minha pergunta é sobre a reforma administrativa, segundo eu percebi teremos algumas
alterações no funcionamento das Câmaras Municipais com a redução do número de
vereadores e algumas alterações ao nível das assembleias municipais. É do
conhecimento de todos que a eleição dos deputados se faz pelo método
proporcional e depois acrescenta-se também os presidentes das juntas de
freguesias que também têm participação nas assembleias municipais. Está
prevista na reforma administrativa alguma alteração a essa metodologia, ou
seja, de manter deputados eleitos pelo método proporcional e os presidentes da
Junta?
Dr.Miguel Relvas
Eu, essa resposta, não posso dar, porque se vai
começar a negociar agora. Nós sabemos o que queremos, mas vamos ter que
negociar com outros e se eu desse essa resposta agora, calculam que era já…
essa pergunta tem a ver com o filet
mignon da reforma.
Há abertura, sabemos o que queremos, vamos ter que
fazer entendimentos, vamos ter de ouvir e estamos também numa coligação. Agora,
há já muita doutrina sobre isso. Agora, tem de ser um modelo que seja mais
ágil, mais eficiente e mais representativo do que este. Mexer para pior, já
basta o que está.
Bruno Brito
Primeiro que tudo, agradecer a presença do Dr. Miguel
Relvas nesta Universidade em nome de todos.
Falou numa lei autárquica, haverá uma nova lei das
finanças locais? Se sim, com que critérios? Gostaria ainda de saber se a
reforma administrativa será imposta pelo Governo ou haverá algum espaço para
esta movimentação voluntária?
Obrigado.
Duarte Marques
A seguir, Leandra Cordeiro do Grupo Cinzento.
Leandra Cordeiro
Bom dia a todos, o meu cumprimento à mesa.
Bem, sabemos que quando ouvimos falar de reformas
elas criam realmente alguns anticorpos e geram até alguma controvérsia. A
reforma administrativa tem gerado alguma especulação e, a pouco e pouco, lá se
vai começando a ouvir falar da redução do número de freguesias, deixando os
municípios em alguma expectativa.
Disse que se tem de fazer mais com menos recursos,
disse também que é a olhar para o território que se promove o desenvolvimento e
disse ainda que esta reforma vai submeter-se à densidade demográfica; a minha
pergunta é: ela vai também respeitar a coesão nacional, ou seja, até que ponto
é que ela leva em conta as disparidades entre o Interior e o Litoral?
Muito obrigada.
Dep.Carlos Coelho
Senhor Ministro, nós temos estas aulas e
jantares-conferências a serem emitidas em broadcastingem canal fechado, ou seja, não é em canal aberto; em canal aberto só a sessão
de abertura e a sessão de encerramento. Estas estão a ser emitidas em sinal
fechado para os ex-alunos da Universidade de Verão que receberam através de
mail uma password que lhes permite
seguir os debates.
Temos uma pergunta à distância, do Tiago Pereira, que
foi aluno em 2007, e que lhe pergunta o seguinte: todos sabem que há excesso de
concelhos e freguesias em Portugal. Este Governo terá coragem de fundir
concelhos e criar novos modelos de gestão territorial para um desenvolvimento
mais harmonioso?
Dr.Miguel Relvas
Vai deixar essa porta em aberto, a dos municípios. A
reforma, eu não posso aqui ainda especificar muito, estão aqui ainda muitos
jornalistas de olho aberto e portanto nós estamos muito abertos para uma
reforma verdadeiramente inovadora.
Temos de falar com a Assembleia da República primeiro,
não podemos encostar a Assembleia da República perante um facto consumado, nós
não vamos dar argumentos a ninguém para se porem de fora. O Partido Socialista
nesta reforma não terá argumentos para se pôr de fora, vai demonstrar se tem
sentido de Estado ou não. O líder do Partido Socialista vai nesta nossa
proposta também demonstrar se quer ser Primeiro-Ministro daqui a 4 anos ou não,
ou se quer só ser líder do PS, ele até agora tem mostrado mais apetência para
ser líder do PS, mas esperemos que perante factos como estes ele mostre também
empenhamento em ser Primeiro-Ministro também.
Quanto à coesão, pergunta que veio de Santa Comba
Dão, bela terra e original, naturalmente esta reforma é para valorizar a
coesão, para combater os desequilíbrios.
Quanto à Lei das Finanças Locais, vai haver uma Lei
das Finanças Locais mais articulada, inovadora, criativa; as Câmaras não podem
depender tanto das verbas que vêm da construção, tem de se encontrar aqui um
modelo, até porque se esgotou em muito a componente imobiliária com a crise,
terá de ser outro modelo, nós temos muito boas ideias para o financiamento das
autarquias.
Duarte Marques
Muito obrigado, senhor Ministro. Carolina Baptista do
Grupo Azul e a seguir a Cristina Faria do Grupo Encarnado.
Carolina Batista
Bom dia a todos. Nós temos ainda até 2013 fundos
europeus no âmbito do QREN para "gastar”. Desses fundos, vai ser reavaliada a
sua utilização? Os projectos e candidaturas que entretanto foram aprovados mas
que ainda não estejam em obra vão ser reavaliados?
Obrigada.
Dr.Miguel Relvas
Todos têm reavaliação para que a sua racionalidade
exista. A nossa ideia não é estar a olhar para o Passado e ver o que está bem
feito e mal feito. Os fundos comunitários têm de ser bem gastos, porque é hoje
um instrumento de investimento público muito importante em Portugal e há sempre
uma componente nacional, quer dizer, não vale a pena, o nosso caminho não é
continuar a fazer piscinas, pavilhões gimnodesportivos, já os temos, há
municípios que multiplicam atrás de multiplicar. O que nós temos é de ter uma
boa rede de transportes, temos de ter uma boa rede de gestão de equipamentos,
até porque as Câmaras hoje estão a chegar a um ponto em que não têm capacidade
de gerir os equipamentos que têm, quanto mais gerar mais! Se não são capazes de
gerir os que têm, como é que vão gerar mais?
Cristina Faria
Bom dia. Bom dia, senhor Ministro Adjunto e dos
Assuntos Parlamentares.
Tal como aqui focou e bem explicitou, a
descentralização é uma boa forma de alcançarmos a eficiência e de satisfazer os
interesses públicos e potenciar a Economia. Há várias formas de descentralização:
Santana Lopes propôs a descentralização por Ministérios! Em primeiro lugar
gostaria de saber a sua perspectiva.
E em relação às Regiões Autónomas, qual é a melhor
forma de aliarmos o aprofundamento da autonomia e a responsabilidade política?
E aqui será que faz sentido ainda a presença do representante da República nas
Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores?
Obrigada.
Dr.Miguel Relvas
Respondo já. Eu não sou a favor da descentralização
dos Ministérios. Eu trabalho com quatro Secretários de Estado, se cada um for
para o seu sítio como é que nós trabalhamos? Gasta-se muito tempo na estrada,
eu não sou a favor, não é por aí que mudamos as coisas.
Eu acredito numa autonomia dinâmica. Acho que a
autonomia deve ser dinâmica. Também em nome da autonomia não pode valer tudo.
Nós estamos num país em que do Norte a Sul, do Interior ao Litoral, das Ilhas a
Bragança, de Bragança ao Faial, do Faial ao Funchal, há uma grande unidade
nacional, cultural, social, não temos dúvidas sobre isso. A nossa proposta era
de um representante da República para as duas regiões. Tem de haver alguém,
quem é que vai promulgar os decretos da Assembleia legislativa da Madeira e dos
Açores, quem? O poder executivo? Não tem lógica. O Presidente da República? Se
fosse o Presidente da República estaríamos a dar uma equiparação das
Assembleias legislativas à Assembleia da República. Mas também não podem ser os
Presidentes dos Governos Regionais a promulgar, então quem é que promulga? Temos
de ser coerentes.
Duarte Marques
Muito obrigado.
Duas perguntas: Daniela Serrano do Grupo Encarnado e
Marcelo Rafael do Grupo Castanho.
Daniela Teixeira Serrano
Muito bom dia à mesa. Muito bom dia a todos. Senhor
Ministro, Dr. Miguel Relvas, dizer-lhe que é um prazer tê-lo connosco,
partilhar consigo estas ideias, opiniões, o seu saber, obrigada.
Dizia ontem o Dr. Manuel de Lemos - e refiro-me a ele
porque concordo completamente com a afirmação que fez neste âmbito - que se
tivermos uma sabedoria mediana no sector do Estado, no sector público, haveria
um controlo de custos muito mais eficiente, muito mais eficaz. Ou seja, se em
casa controlamos custos através da orçamentação, ponderando qualidade e
quantidade dos serviços prestados e adjudicados, o Estado também o deveria
fazer porque no fundo o dinheiro é de todos nós. Dizia há pouco o senhor
Ministro que quem não tem dinheiro não tem vícios e de facto assim é, assim
julgo que deve ser.
O certo é que entre 2008 e 2010 e hoje à distância de
um clique pelo tão famoso Simplex, dezanove mil empresas cessaram empresas em
Portugal, muitas delas não por falta de trabalho, de vontade, de irreverência,
de coragem – aqueles parâmetros que ainda há pouco, no início da sua
apresentação referiu – muitas delas cessaram actividade pela falta de
pagamentos por parte de órgãos estatais, sobretudo por parte de órgãos
municipais, de autarquias.
Estou a referir-me, por exemplo, a construtoras que
prestaram serviços no âmbito da sua actividade e não foram pagas a tempo de controlarem
os seus custos, garantindo-lhes uma fluidez económica.
Até que ponto passará pelo seu ministério, passará
pela reformulação dos serviços de contratação, de ponderação, de orçamentação e
de adjudicação, a agilização nas respostas por parte do Estado a este problema?
Obrigada.
Marcelo Rafael
Bom dia, senhor Ministro, gostava de saber qual é a
sua opinião em relação à Regionalização.
Obrigada.
Dr.Miguel Relvas
Eu até estou assustado com essa pergunta. Eu sou daqueles
que defendo menos Estado. O caminho faz-se caminhando. Nós agora temos é que
cortar naquilo que temos, racionalizar, e não criar novas entidades. Vamos ver
aquilo que vamos fazer, aquilo que vamos construir e depois adaptar também ao
nosso modelo jurídico ou constitucional.
A nossa amiga fez uma intervenção com a qual eu estou
completamente de acordo, nós temos de privilegiar a qualidade e não a
quantidade. O caminho é duro, é, é um caminho difícil, acordar todos os dias e
com a consciência de que ainda não fizemos nada, que é preciso fazer muito
mais, olhar para trás e ver que fizemos muito, mas não fizemos nada, tem um
lado atractivo, mas também tem um lado que um indivíduo chega a determinado
ponto e está cansado.
Duarte Marques
Muito obrigado, senhor Ministro. Dou agora a palavra
ao Afonso Meireles do Grupo Roxo e ao Bernardo Gonçalves do Grupo Encarnado.
Afonso Meireles
Bom dia a todos. Agradeço desde já a presença do
senhor Ministro Miguel Relvas. Eu venho de Paredes, que tem um projecto
megalómano de uma cidade desportiva. Penso eu que a maior do Norte e a segunda
maior do País, pelo menos no projecto, em papel. Temos nas proximidades um
concelho que se chama Lousada que que aposta forte no Desporto e que tem umas
infraestruturas magníficas para Desporto, nomeadamente Ténis, Hóquei em campo e
Futebol.
A minha questão é o seguinte: o que pensa o senhor
Ministro da partilha de equipamentos por parte de concelhos vizinhos como uma
forma de favorecer uma poupança de recursos quer da parte do Governo quer da
parte municipal, e favorecer os utentes, por exemplo através das regiões
administrativas coordenar essa utilização.
Obrigado.
Dr.Miguel Relvas
Essa já respondi, quero dizer, estamos de acordo. Com
jovens também temos de exercer e exercitar a economia de palavras, senão ficam
iguais aos velhos.
Bernardo Branco Gonçalves
Bom dia, antes de mais nada felicitar a mesa, o nosso
caríssimo reitor, Carlos Coelho, o Presidente da JSD Duarte Marques e o senhor
Ministro, Dr. Miguel Relvas. Saudar também todos os participantes nesta
magnífica iniciativa.
Já que estamos numa de dizer as autarquias a que
pertencemos, eu também sou de uma Câmara PS, António Rodrigues, de Torres Novas.
Já lá temos palácios do desporto, todo o tipo de infraestruturas, a dívida é
que está a constituir um problema à autarquia, mas passando à frente, a minha
pergunta acaba por funcionar como uma espécie de dúvida, é para isso que cá
estamos, para aprender.
Podemo-nos aperceber através da apresentação com que
nos presentou aqui hoje que o Estado está empenhado numa agilização do nosso
sistema governativo, na melhoria das condições que são dadas pelo sistema aos
portugueses para viver, já tocaram aqui no tema da Madeira e eu pegava também
nessa temática. Como é que esta agilização que se pretende fazer vai chegar à
Madeira?
Se me pudesse esclarecer sobre esse assunto,
agradecia, é mesmo uma dúvida minha.
Dr.Miguel Relvas
A Madeira é igual aos outros, os municípios da
Madeira são iguais aos outros do País. A Lei 169/1999 define que todos os
municípios são iguais, não há municípios de primeira e municípios de segunda.
Os municípios dos Açores e da Madeira têm as mesmas competências, deveres e
direitos que o resto do País, portanto, aplicar-se-á ao território nacional de
acordo com a lei.
Duarte Marques
Muito obrigado, senhor Ministro. Dou agora a palavra
ao Jorge Freitas do Grupo Azul.
Jorge Faria Freitas
Antes de mais, muito bom dia. Quero agradecer ao
senhor Ministro, Dr. Miguel Relvas pela sua vinda cá a Castelo de Vide e por
nos presentear com palavras tão sábias. E pegava mesma nas suas palavras, falou
sobre organização de território, gestão municipal e reforma da Democracia
local. Pegando na reforma da Democracia local, falou no excesso de funcionários
face à dimensão do território.
Eu sou de Guimarães e neste momento a Câmara
Municipal é PS e há um excesso de funcionários a trabalhar lá e a minha questão
é: uma vez que temos de fazer uma limpeza nas Câmaras Municipais e uma redução
do número de funcionários, entrando em acordo com os funcionários, temos de
pagar um certo tipo de despesas e um certo tipo de compensação, mas se os
mantivermos lá também vamos ter de lhes pagar o ordenado! Qual é a solução que
poderemos ter para não ter tanta despesa?
Dr.Miguel Relvas
Guimarães até tem uma condição especial, rege as
cooperativas. A Câmara participa em cooperativas portanto tem outra
configuração. Mas meus caros amigos, é uma exigência da Troika, está no
memorando, a redução dos funcionários, é mais fácil fazê-lo de acordo com a lei
nas empresas municipais e portanto será tudo sempre feito de acordo com a lei
no contexto do Estado de Direito.
Duarte Marques
João Bastos do Grupo Azul.
João Bastos
Antes de mais, bom dia, senhor Ministro. Eu confesso,
tenho aqui uma dúvida algo premente e que se relaciona directamente com a minha
área de estudo.
Tendo em conta que o Governo iniciou um programa
reformista que pretende em última instância uma Economia mais livre, mais
aberta, mais concorrencial, eu gostava de saber até que ponto a construção e o
desenvolvimento de um programa reformista com pendor mais liberal não colidirá
com uma constituição que ainda está pesada de conceitos programáticos e de uma
narrativa ideológica essencialmente socialista? Gostava de saber até que ponto
um programa deste género não exigirá uma mudança na Constituição?
Dr.Miguel Relvas
Posso responder já: quem assinou um programa mais
liberal foi o Governo Socialista, que foi o entendimento do memorando, nessa
lógica. Nós sempre dissemos aqui que mais importante que as questões de só a
visão ideológica, tem que haver uma visão reformista, de mudança, uma visão do
compromisso com a eficiência – é esse o nosso caminho. O nosso caminho é de que
perante uma necessidade e uma fatalidade em que Portugal hoje se encontra tem
que haver um compromisso com a eficiência, é o que estamos a fazer e não é a
Constituição impedimento. Isso exigirá ainda mais trabalho, mais empenhamento,
nós temos de «levar a carta a Garcia» e vamos levá-la. Aliás, eu diria mais, como
diz um amigo meu, um social-democrata quando recua é para ganhar balanço.
Duarte Marques
Tiago Alves do Grupo Cinzento e prepara a Isa
Monteiro do Grupo Verde.
Tiago Filipe Alves
Antes de mais, bom dia. Obrigado pela oportunidade
que nos dá para colocarmos as questões todas que temos na cabeça.
Eu venho de um município e de um distrito onde é
difícil ser do PSD e da JSD. Venho do Barreiro, distrito de Setúbal. A questão
que eu tenho está muito ligada aos executivos camarários da nossa zona. Ao
reduzirmos o número de vereadores, que faz todo o sentido em termos económicos,
não vamos estar também a tirar pluralidade de ideias aos executivos ou
pluralidade ideológica aos executivos?
Dr.Miguel Relvas
Aí o reforço terá de ser sempre das Assembleias
Municipais e portanto o que se deve reforçar é o poder fiscalizador das
Assembleias Municipais.
Esta ideia também é muito portuguesa, de pôr a
oposição dentro do órgão executivo. O órgão executivo deve ter coesão para
governar – imaginem o que era no Governo haver três Ministros do Bloco de
Esquerda, quatro do PC e seis do PS, imaginem o que era o PS, o PC e o Bloco de
Esquerda estarem no Governo. Bem, se já é difícil, era muito mais difícil.
Isa Monteiro
Bom dia a todos. Eu venho de Vale de Câmara, também é
uma Câmara PSD.
Queria felicitar a mesa e agradecer a sua
intervenção.
A minha questão prende-se com o emprego público. Nós
sabemos que tem sido um esforço do Governo tornar a contratação pública cada
vez mais transparente, no entanto, nomeadamente a nível das Câmaras
Municipais, as pessoas continuam a comentar que
aquele concurso foi feito à medida daquela pessoa e por aí fora. A minha
pergunta é se tem em vista alguma medida para tornar o processo ainda mais
transparente de forma a que tenhamos os melhores profissionais a empenhar os
cargos públicos a nível local também.
Dr.Miguel Relvas
Tudo o que for lutar pela eficiência e pela
transparência tem de ser feito. Mas também a voracidade da ganância dos Homens
não se combate só regulando isso, tem de haver uma maior fiscalização, uma
maior eficiência na investigação.
Duarte Marques
Muito obrigado, senhor Ministro. Cristiano Gaspar do
Grupo Rosa e a seguir o Joaquim Freitas do Grupo Laranja.
Cristiano Luís Gaspar
Gostaria de cumprimentar o senhor Dr. Miguel Relvas,
obrigado pela sua presença aqui.
Em primeiro lugar a minha questão está relacionada
com a redução da despesa do Estado, sendo o primeiro ponto relacionado com a
reforma administrativa.
O concelho do Fundão, que é de onde venho, é composto
por 31 freguesias; a Covilhã, ao lado, tem 31 freguesias. Por sua vez, alguns
concelhos, mesmo ao lado do Fundão, são constituídos por três, quatro, cinco
freguesias, muitos deles com três, duas freguesias urbanas, incluídas na mesma
cidade.
A minha segunda reflexão prende-se com a Assembleia
da República: das duas uma, ou se reduz o número de deputados na Assembleia da
República ou se reduz o ordenado auferidos pelos deputados. Ao longo dos anos,
o PS e o PSD têm posto em causa esta medida do ordenado auferido, alegando as
altas responsabilidades dos deputados, mas há que lembrar um ponto: estão ali
porque querem, foram sujeitos a votos, candidataram-se e foram eleitos pelo
povo, logo, têm o orgulho de poderem defender a Nação. Quanto à redução do
número de deputados, tem sido recusado pelos partidos minoritários porque têm
medo de perder a sua representatividade.
Há necessidade de reduzir despesa e pode fazer-se
nestas duas áreas: na Assembleia da República e nesta reforma administrativa.
Queria saber a opinião do Dr. Miguel Relvas.
Dr.Miguel Relvas
O Cristiano dizem-me que é o mais jovem que aqui
está. Fez uma intervenção muito bem estruturada. Fez-me, aliás, lembrar o
Carlos Coelho, quando ele era jovem também era assim e também na aparência
capilar era também muito sustentada.
[APLAUSOS]
O Cristiano é de uma terra cheia de tradições, com um
dos jornais mais representativos que Portugal teve que é o Jornal do Fundão. É
uma terra muito interessante, tem as melhores cerejas do Mundo, bom queijo, é
uma boa terra e são jovens como o Cristiano que tem catorze anos, a forma
estruturada como ele fez a pergunta, são a garantia que de facto somos um
grande partido e que a JSD é de facto a maior estufa de criação de valores para
o PSD.
Já viram que é a primeira vez que os dois maiores
partidos têm dois líderes que vieram das organizações de juventude,
ultrapassou-se o estigma. Isto é uma alteração do paradigma e também uma
questão etária, a partir de agora tinha de ser mesmo assim e era difícil que
assim não fosse e dizer aqui ao Cristiano: continua assim e continua a defender
aquilo em que acreditas.
Joaquim Freitas
Bom dia, chamo-me Joaquim e venho de Guimarães.
Agradeço a coragem que também o senhor Ministro teve com a exposição e com as
respostas que foi dando ao longo do tempo. A minha pergunta é uma pergunta
eminentemente prática à qual eu gostaria que o senhor Ministro, se não pudesse
dar uma resposta política, desse pelo menos uma opinião pessoal.
É claro para todos nós que teremos de extinguir
freguesia, isto é, parece-me hoje uma evidência. A minha questão prende-se com
o timing com que esta fusão vai ser
feita.
Se nós fundirmos freguesias antes das próximas
eleições autárquicas, termos executivos que não sei o que lhes faremos. Se
assumirmos hoje a fusão que vai ser feita depois das eleições autárquicas
teremos aqui questões sensíveis que não sei como é que serão geridas.
A minha pergunta para o senhor Ministro é se tem já
alguma ideia como é que esta transição entre a actual configuração e a futura
configuração que será feita.
Dr.Miguel Relvas
Respondo já, há perguntas que não podem ficar dúvidas
e como está aqui a Comunicação Social não pode haver dúvidas.
Esta reforma, ou está concluída, o ideal seria no
primeiro semestre do próximo ano, ou no máximo, no último trimestre do próximo
ano, mas o objectivo é o primeiro semestre do próximo ano.
Ela tem de estar concluída e implementada em 2012,
senão não terá sucesso. Para além das responsabilidades internacionais, porque
Portugal ficou de apresentar um plano sobre esta matéria até Junho de 2012, no
âmbito da própria Troika. Mas atenção, nós temos de respeitar a Troika, mas
temos os nossos timings e portanto
esta é uma das matérias que devemos tentar fazer antes, é o que nós estamos a
tentar fazer. Não temos que seguir os calendários pelos limites máximos, há
medidas que nós sabemos que são boas e que temos de implementar o mais depressa
possível. Até ao fim deste mês irá um projecto de resolução global desta
matéria ao Conselho de Ministros.
Duarte Marques
Muito obrigado, senhor Ministro.
Miguel Gavino do Grupo Bege e prepara o João Ribeiro
do Grupo Cinzento.
Miguel Gavino
Bom dia, senhor Ministro. Sou o Miguel Gavino, venho
da Póvoa do Varzim. A minha pergunta é muito simples, um bocado diferente, em
relação às freguesias. O que se repara neste momento em relação às freguesias é
que vão para lá Presidentes da Junta democraticamente, mas executam quase
monarquicamente, baseando a sua acção através dos favores e da "cunha”.
Apesar de haver uma diminuição de freguesias e de
Presidentes da Junta, etc., como é que se consegue combater esse aspecto?
Obrigado.
Dr.Miguel Relvas
Eu dou a resposta, que não sei a toda; eu sou
Presidente de uma Assembleia Municipal, eu acho que essas circunstâncias, essas
situações, só abanando o sistema. É isso que tem de ser feito, portanto,
reforma atrás de reforma, mudança atrás de mudança; agora, onde estão os homens
haverá sempre a diferença entre o bem e mal, entre o interesse e o
não-interesse, entre o benigno e o maligno, a sociedade e o ser humano são
condicionados, o ser humano condiciona a sociedade com essa visão que muitas
vezes existe.
João Pires Ribeiro
Eu sou o João Ribeiro, venho de Sintra, quase vizinho
do Primeiro-Ministro, a minha questão é bastante específica e vai bater mais
uma vez na questão dos Governos Civis.
Os Governos Civis tinham competência em matéria de
toxicodependência. Com a extinção dos Governos Civis quem ficou essa
competência?
É uma problemática que parece que está a aumentar e
também faço a questão em relação ao IDT, quais é que são os objectivos do
Governo nessa área?
Obrigado.
Dr.Miguel Relvas
Sobre o IDT mandas-me um mail que eu depois mando ao senhor Ministro da Saúde, porque eu não
sou especialista em tudo, nem quero, o País está farto de especialistas em
tudo.
Sobre os Governos Civis, só dizer que já há quarenta
alterações legislativas que dão resposta a todas essas competências que esses
decretos-lei no mais curto espaço de tempo estarão aprovados.
Duarte Marques
Gostava só de dar os parabéns ao Tiago Cunha pois
ontem soube que tinha sido publicado pela primeira vez numa revista
internacional um artigo científico seu. É uma grande honra para quem investiga
e ele está de parabéns.
[APLAUSOS]
Tiago Cunha
Obrigado. Antes de mais, bom dia, queria agradecer a
sua presença, senhor Ministro, aqui na Universidade de Verão.
A minha questão é a seguinte: partindo do princípio
que no sector público empresarial do Estado não existem trabalhadores de
primeira e trabalhadores de segunda, todos têm os mesmos direitos e as mesmas
obrigações, o que é que está a ser planeado por parte do Governo para tentar
diminuir as desigualdades entre os trabalhadores que fazem parte da
administração pública e aqueles que têm um contrato individual de trabalho.
Obrigado.
Dr.Miguel Relvas
Em rigor não sei responder. Sei que há já muito
trabalho que está a ser feito pelo senhor Secretário de Estado da Administração
Pública, mas mandas-me um mail com
questões concretas que eu depois respondo logo a seguir, peço a informação e
respondo. Está bem?
Duarte Marques
Rúben Fonseca do Grupo Encarnado.
Rúben Fonseca
Nós somos do Grupo Encarnado. Senhor Ministro, eu
vou-lhe propor um desafio, vamos descobrir não as diferenças mas as
semelhanças.
ANA, Caixa Geral de Depósitos, CTT, Águas de
Portugal, há aqui uma semelhança entre todas elas, dão lucro ao Estado. O
senhor Ministro sabe e nós também sabemos. Aquilo que eu lhe quero dizer é o
seguinte: em relação a estas empresas há aqui uma grande dificuldade, é que nós
entenderíamos se o Governo privatizasse as empresas que realmente dão prejuízo,
que são um obstáculo à dinâmica orçamental do Estado. É que nós, jovens, não
entendemos e muito dificilmente outros sectores do Estado vão entender também, aliás
Fernando Ruas fez há pouco uma intervenção precisamente a delinear este
aspecto. Como é que se justifica privatizar empresas que dão dinâmica, que dão
capitais, que dão emprego e que ajudam na alavancagem económica do Estado?
Segunda, os CTT não podem ser privatizados porque
afastam o interior do País, aumentam as disparidades entre as pequenas aldeias
do interior e as pequenas aldeias do litoral.
Senhor Ministro, senão vamos tombar e não pode ser
assim.
Dr.Miguel Relvas
Eu gosto das coisas difíceis. Em primeiro lugar, as
Águas de Portugal dão prejuízo e muito, tem um passivo que é inaceitável, tem
um passivo que é muito significativo. A ANA, a ADP e a Caixa Geral de
Depósitos; a Caixa Geral de Depósitos não está para ser privatizada, o que foi
dito é que a possibilidade de abrir o capital a privados, mas isso não é
privatizar. O segundo maior banco mais eficiente é o Banco do Brasil e 40% é
privado, entrou capital, mas quem tem a decisão é o Estado.
Em todo o caso, a Caixa Geral de Depósitos não está no
pacote de privatizações. A ANA e os CTT estão num pacote ponderado, sim, mas é
preciso não esquecer que elas estão num mercado sem concorrência, estão
altamente privilegiadas nesse mesmo mercado e não significa que o privado não
possa fazer um cumprimento de serviço público, tem é de ficar no contrato.
A EDP, hoje a maioria é privada, tem uma empresa mais
importante na prestação de serviço público do que a electricidade. A EDP, o
Estado só tem 24%, quem leva à luz a 97% dos portugueses e é uma empresa de
gestão privada, tem é regras muito claras na sua definição. Mais serviço
público faz a EDP do que os CTT; se eu não tiver luz nas aldeias como é que eu
lá chego? Eles não fazem? Fazem. Não são responsáveis pela iluminação pública?
São. Nós não temos é que ter dogmas.
A ANA em Portugal tem uma lógica que é esta: a ANA
gere os aeroportos portugueses, só não gere o da Madeira, que está no Governo
regional, depende de uma empresa regional. O Estado quando privatiza ganha
receita, com a dinâmica empresarial recebe mais impostos, o Estado não ganha
mais porque é dono das empresas, pelo contrário. Eu pergunto, se a ANA fosse
privada não era muito mais agressiva? Se a ANA fosse privada não pagaria muito
mais impostos? Se a ANA fosse privada não tinha maior mobilidade? Não é por aí
que se lá vai. Não leves a mal, mas essa tua visão é uma visão que não tem a
ver com os tempos de hoje, porque por essa lógica vamos pôr as coisas noutros
termos: porque é que no contrato do memorando ficou então definido que se vai
vender participação em empresas que são lucrativas? Claro, o Estado não existe
para ser proprietário de empresas, aliás, tem sido isso que tem levado à
perversidade, tem sido isso que quando os Governos ganham metem lá as suas
clientelas políticas e em nome desses princípios têm sido feitas coisas em
Portugal que contribuíram muito para a situação em que estamos.
A dívida das Águas de Portugal é superior a mil
milhões, é superior a mil milhões a dívida da empresa Águas de Portugal; vai aosite e vai ver. A ANA está em
monopólio, agora os contratos podem ser salvaguardados para além de que nós
também vamos privatizar porque estamos a necessitar de receitas extraordinárias
e isso também pode ser salvaguardado. Eu dou um exemplo: eu não posso ter um
bom serviço público de Comunicação Social, com a RTP a ter um canal generalista
e "x” canais no cabo e ter um canal internacional? Um serviço público não é bem
feito só porque eu tenho dois canais. Portanto, o Estado não vai privatizar a
RTP, vai alienar um canal. Eu posso com um canal de televisão, é tão
competitivo – o canal é aberto – ou mais competitivo do que ter dois, pelo
contrário, até é mais competitivo.
[APLAUSOS]
Duarte Marques
Muito obrigado, senhor Ministro. Ricardo Santos do
Grupo Laranja e de seguida tenho o Ronaldo do Grupo Encarnada e a Inês Seabra
do Grupo Cinzento.
Ricardo Santos
O meu nome é Ricardo, também venho de Paredes.
Dr. Miguel Relvas, eu fui o primeiro a bater palmas
porque não imagina o quanto eu fiquei entusiasmado com as suas palavras. É
muito difícil um governante ter coragem de dizer aquilo que disse. A maior
parte das pessoas e a Comunicação Social e a Sociedade portuguesa tem uma raiz socialista
e não tem conhecimento do Liberalismo. O melhor exemplo que pode dar para
tomarmos a decisão de privatizarmos as ANA, os CTT, tudo aquilo que dá lucro no
Estado, é verdade, é o exemplo da RTP e do caso Mário Crespo. O Estado a partir
do momento que suga todo o capital humano, o erário público, manieta esses
serviços. Nós somos todos feitos da mesma massa e tornarmo-nos corruptos é a
coisa mais simples que existe. Dou-lhes sinceramente os meus parabéns.
A minha pergunta tende para a Lei da Corrupção, os
protocolos que foram feitos com as Câmaras que foram obrigadas a fazer as leis
anticorrupção, ou formas de eliminar a corrupção, mas todos nós sabemos e ainda
não entendi o problema de que nós temos de dizer isto, há muita corrupção nas
autarquias, há muita corrupção no poder descentralizado, no poder autárquico. A
pergunta que eu lhe faço é: teremos coragem para limitar a corrupção e, usando
as palavras daqui de uma companheira, exterminar este mal que bloqueia o
sistema liberal e o sistema de concorrência neste mercado?
Dr.Miguel Relvas
Eu recebi agora a informação de que o passivo da ADP
(Águas de Portugal) não é de mil milhões, é de 2,5 mil milhões. Só estou a
dizer, são 2,5 mil milhões, eu disse mal, não são mil, mas se fosse o
contrário, se fosse mil e eu tivesse dito dois mil eu também pedia desculpa e
dizia.
Corrupção: a corrupção em Portugal tem de ser
combatida a todos os níveis, não é só nas autarquias, tem de combater na
administração central, na administração regional e na administração local.
Um país menos corrupto é um país mais saudável e é
também um país mais capaz na exigência que tem na relação entre a administração
e o cidadão.
Nós, em Portugal, temos de ser mais saudáveis na
relação entre a administração e o cidadão. Essa é uma exigência que temos de
ter.
Ronaldo da Rosa
Eu ouvi ali o comentário da minha colega da Madeira e
realmente isso é um assunto que me toca bastante, porque a questão da autonomia
é às vezes debatida por certos políticos que têm agendas próprias, que têm
interesses privados como uma questão que é ridícula porque somos todos
portugueses.
Nos Açores e na Madeira somos tão portugueses como do
Norte ou Sul de Portugal e nessa questão da autonomia como referiu eu concordo
plenamente consigo.
É uma coisa que não passa na cabeça de ninguém. Nós
estamos isolados, é verdade, mas há municípios no Interior de Portugal que
estão tão isolados como nós. Nós temos o mar e eles têm a terra. Mas mais:
disse-nos que a Constituição prevê igualdade dos municípios, nada mais certo -
mas as regiões autónomas são privilegiadas!
Porém ouve-se muito falar certos políticos a dizer
que é uma injustiça o que o continente faz connosco, mas a verdade é que é uma
injustiça o que fazem aqui no continente, porque nós lá temos privilégios, pagamos
menos impostos, temos mais benefícios do que muitas pessoas que vivem isoladas
no interior de Portugal. Portanto, somos todos Portugueses, somos todos
Portugal.
[APLAUSOS]
Dr.Miguel Relvas
Ou seja coesão territorial é essencial. Também em
relação à questão da corrupção é importante dizer que há que separar as
responsabilidades: aos Tribunais o que é dos Tribunais, ao Governo o que é do
Governo, ao Parlamento o que é do Parlamento; é importante que isto seja bem
separadinho que é para todos assumirem as suas responsabilidades.
Duarte Marques
Obrigado. Paulo Santos do Grupo Roxo e Rosa Nogueira
dos Santos do Grupo Castanho, de seguida.
Paulo Tiago Santos
Muito bom dia. Antes de mais, gostava de saudá-lo a
si pessoalmente e a seguir à mesa.
Há bocado, quando falou de 2,5 mil milhões de mas não
falou do activo.
Outra reflexão que queria deixar prende-se com um
chavão muito usado: o Estado é uma entidade de bem. Quando me dizem que o
Estado é uma entidade de bem eu questiono-me no fecho de contas quando há
dívidas com um ano e dois anos e não posso apresentá-las como custo a nível
fiscal, mas depois não só pago o imposto como fico sem liquidez e quero deixar-lhe
esta questão.
Dr.Miguel Relvas
Das coisas mais tristes que nós temos em Portugal e
das circunstâncias mais penalizadoras para a nossa Economia é a forma como o
Estado local, regional e central se comportam no seu papel de devedores. O
Estado em Portugal comporta-se muito mal. Habituou-se a comportar muito mal e
nos últimos anos essa foi a cultura instalada para poder sempre fazer mais do
que se podia fazer.
Se o Estado tivesse a obrigatoriedade e se o Estado
cumprisse como os privados têm de cumprir, certamente não teríamos cometido os erros
que cometemos. O que se passa no Estado local é que há Câmaras a pagar a 380
dias, institutos públicos a pagar – isto é uma loucura, estou inteiramente de
acordo. Nós temos de caminhar para uma situação muito mais exigente, muito mais
exigente e penalizadora para quem não cumprir. Eu entendo que responsáveis de
institutos públicos e responsáveis políticos têm de ser penalizados por não
cumprirem.
Duarte Marques
Obrigado, senhor Ministro. Rosa Nogueira dos Santos
do Grupo Castanho.
Rosa Nogueira dos Santos
Venho do Norte, da Maia. Considerando o contexto
social actual, é necessária uma acção política mais activa e mais forte também
no âmbito da Juventude. Senhor Ministro, com a fusão do IDP e do IPJ não irá a política
da juventude ficar à sombra do Desporto?
Dr.Miguel Relvas
Eu sei que é médica, não é? O
Desporto é saudável, não é?
Rosa Nogueira dos Santos
Claro que é e aconselho toda a
gente a fazer.
Dr.Miguel Relvas
Claro que não, têm de andar de braços dados e se há
fusão que se justifica é do Desporto com a Juventude.
Eu estive numa reunião com a JSD há dois meses e todo
o discurso foi fusões, têm de emagrecer o Estado, têm de fazer assim e eu
ouvi-os durante aquele tempo todo.
Ao fim de uma hora disse-lhe que íamos fundir o
Instituto da Juventude com o do Desporto e disseram: "aí não, a Juventude
não!”. Eu fiquei triste, porque pensei "bolas, até a malta nova está igual aos
velhos que acham que as fusões são sempre para os outros, as boas reformas são
sempre para os outros, mudar é para os outros, mexer é para os outros, cortar é
para os outros”.
Não, claro que não, até acho que a juventude fica a
ganhar. Aquelas coisas todas foram inventadas pelo Carlos Coelho, MoviJovem,
Cartão Jovem e mais, foi tudo inventado pelo Carlos Coelho à época, que sempre
foi assim, é um diabo à solta, só sabe trabalhar e é muito criativo. Ele agora
está muito moderado, tinha uma criatividade fantástica.
Foi um grande Presidente, eu era vogal e depois na reeleição
fui secretário-geral, mas dizer-vos que na altura o que era política de
juventude? Eram programas, coisas novas, que não existiam hoje, depois quando
foram feitas as Pousadas da Juventude, o que é que existia de cobertura? Nada.
Isso foi há não sei quanto tempo. Eu saía de Santarém, saía de Tomar, e
demorava não sei quanto tempo, não tinha auto-estrada para Lisboa, um indivíduo
demorava não sei quantas horas para chegar ao Porto. O país era outro. É
comparar a estrada da Beira com a beira da estrada, quem quiser ver esta
política da Juventude e depois, hoje, não há políticas da Juventude, há
políticas para a Juventude.
Para si, que sendo médica mas é jovem, a política da
Juventude não pode ser igual à do Cristiano que tem catorze anos. Não há
políticas de Juventude formatadas. Há gente que aos 22 anos está com a sua vida
organizada, tem emprego, está casada, os que estão desempregados não têm a sua
vida organizada, portanto a política de Juventude hoje é completamente
diferente e depois, acabou o tempo de deitar dinheiro para decidir dos
problemas ou das soluções, mas vamos manter ali coisas, vamos por exemplo
retomar o que está suspenso que é a organização dos tempos livres, aí está um
bom programa, vamos retomar.
O Desporto é saudável e o Estado poupa 14 milhões, 77
dirigentes, sem fazer mais nada, só juntando poupo 14 milhões e 77 dirigentes,
sem mexer, mas o resto ainda vai ter de mexer mais.
Este é ou não é o caminho?
Pedem que o Estado emagreça e depois a gente vai e as
pessoas em cada área são contra, mas meus caros a mudança custa, mas depois de
começar nós adaptamo-nos, depois de começar nós adaptamo-nos, temos de ser
capazes, não podemos ser conservadores, não podemos ser conservadores, o
conservadorismo é o impedimento do desenvolvimento.
Duarte Marques
Muito obrigado, senhor Ministro. Eu vou dar a palavra
de seguida ao Mário Lourenço do Grupo Encarnado e à Maria Inês Abreu do Grupo
Castanho e são as últimas perguntas.
Como a praxe da Universidade de Verão é dar a última
palavra aos nossos convidados, eu queria aproveitar para dizer três coisinhas:
a primeira era para assinalar a presença de dois deputados da JSD que estão cá,
o Bruno Coimbra que é Secretário-Geral da JSD, o Pedro Pimpão que é Presidente
da regional de Leiria e é deputado da JSD.
[APLAUSOS]
Dr.Miguel Relvas
Depois não digam que o actual líder do partido não
tratou bem a JSD, está com uma grande representação no Parlamento, com três
deputados e um deputado europeu, que o Carlos Coelho ainda não saiu da JSD, é
Presidente honorário.
[RISOS E APLAUSOS]
Duarte Marques
Gostava também de assinalar a presença do senhor
Engenheiro Paulo Júlio, Secretário de Estado da Administração local, que tem
sido um ouvinte e um interessado muito particular na Juventude, na JSD e nas
novas gerações, sobretudo também ao nível do Interior nas políticas de
discriminação e é um nome de quem ainda vamos ouvir falar muito e bem
sobretudo.
Queria também aproveitar para agradecer ao senhor
Ministro Adjunto, Dr. Miguel Relvas, as suas palavras no início e sobretudo a
disponibilidade que já revelou para connosco e para com a JSD.
Não vai há um mês atrás que esteve duas horas e meia
a responder um inquérito puro e duro, tão duro quanto este com vários
dirigentes da JSD do país todos no Vimeiro e mais uma vez esteve aqui connosco
a respondermo-nos de forma séria e sobretudo a respeitar-nos e a dar
importância àquilo que nós fazemos e àquilo que nós pensamos e isto era bom que
acontecesse com toda a gente porque é um sinal de respeito pelas novas gerações
e é fundamental para o sucesso deste Governo.
Quero-lhe agradecer em nome da JSD, mais uma vez,
essa disponibilidade e perceber também que está comprometido com o nosso Futuro
e tenho também a consciência de que o sucesso deste Governo é também o sucesso
das novas gerações. Por isso o seu sucesso é o nosso sucesso. E dava-lha a
palavra final para responder às últimas perguntas, agradecendo-lhe mais uma vez
a excelente exposição que teve cá hoje de manhã e que espero que venha a ter no
Futuro também no Governo de Portugal.
Obrigado.
[APLAUSOS]
Dr.Miguel Relvas
Só posso dizer obrigado, não posso dizer mais nada,
gostei de aqui vir, é sempre bom.
Ah, ainda vamos ter mais perguntas, eu pensei que era
para me despedir.
Mário Lourenço
Muito bom dia a todos os presentes. Cumprimento
especial ao Dr. Miguel Relvas.
A minha pergunta tem a ver com a questão da reforma
administrativa, com as Juntas de Freguesias e Municípios, já reparei que o Dr.
Miguel Relvas não pode responder a algumas questões de como se vai desenvolver
o projecto, mas vimos na sua apresentação que já há alguns indícios como por
exemplo a divisão das freguesias em três grandes grupos, ou seja, área rurais,
áreas urbanas, estas duas subdivididas em outros dois grupos. Ou seja, eu
queria um esclarecimento sobre o que levou a essa divisão, claro que posso
prever alguma da sua resposta, mas algum esclarecimento até porque é uma
situação com que lidamos todos os dias, que temos de responder.
A segunda parte da minha questão vai para a questão
dos Municípios, disse que a questão dos Municípios ía ficar em aberto, mas
também disse que o caminho da JSD, do PSD, com o qual eu concordo, é a via
reformista, da coragem e, portanto, a minha pergunta nesse sentido é porque é
que a questão vai ficar em aberto, para já quais são as dúvidas na matéria dos
municípios, ou seja se vai ficar dependente quase do sucesso da questão das freguesias.
Obrigado.
Dr.Miguel Relvas
Há coisas que têm de ficar em aberto porque o segredo
é a alma do negócio.
Não há reformas que não tenham que ter mudanças, que
não tenham de ter capacidade de espaço e também porque estamos disponíveis para
ouvir e para aceitar sugestões.
Depois, a primeira parte da pergunta é coesão
territorial e olhar e dizer que os territórios não são iguais. O senhor
Secretário de Estado baseou muito do seu trabalho e bem numa avaliação que fez
dos dados que tivemos dos sensos. É preocupante, eu disse isso na minha
intervenção, o desequilíbrio.
O princípio de igualdade para os Socialistas é tratar
por igual o que é diferente, isto é um princípio básico. Para nós é tratar de
maneira diferente o que é diferente.
De acordo? Então é isso que vamos fazer.
Maria Inês Abreu
Bom dia, novamente. A minha pergunta é muito simples
e rápida: se a implementação de um tecto, de um limite, nos rendimentos dos
funcionários públicos, incluindo os grandes sectores públicos, se teriam algum
impacto em termos de corte de despesa pública.
Dr.Miguel Relvas
Nos funcionários teria muito, nos gestores seria mais
um exemplo a seguir. Ora, nós temos é que tentar criar uma sociedade mais
equilibrada, mais harmoniosa, o Estado tem de gastar menos, mas temos de olhar
que no futuro temos de criar condições para que os funcionários públicos, a
carreira pública, tenha um estímulo. Nós temos de nivelar por cima e não
nivelar por baixo. Passada esta crise, temos de passar a re-apostar e na
Administração Pública não se pode ganhar muito pior do que na vida privada,
temos de seguir esse caminho. Também na Administração Pública tem de se
continuar a privilegiar a excelência.
Dep.Carlos Coelho
Muito bem, chegámos ao fim da nossa aula "O Estado,
uma prioridade nacional”. Eu queria assinalar que em nove edições da
Universidade de Verão nunca houve um orador que respondesse a tantas perguntas.
O Dr. Miguel Relvas respondeu, nada mais, nada menos, não apenas às 10
perguntas obrigatórias, uma de cada grupo, mas no total a 39 perguntas, o que
estabelece um novo recorde.
Em nome da Universidade de Verão, Dr.
Miguel Relvas, muito e muito obrigado.