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Dia V - Programa da Universidade de Verão

O quinto dia da Universidade de Verão começou com um debate entre Henrique Monteiro – jornalista, e Vasco Graça Moura – poeta e antigo Deputado Europeu, sobre “ os Media hoje: analisar informação ou explorar sentimentos?”. Henrique Monteiro começou abordar aquilo que apelidou como sendo “os dramas da comunicação social”, defendendo que a comunicação não pode ser desprovida de sentimentos. Henrique Monteiro criticou ainda a falta de transparência de alguns órgãos de comunicação social que pertencem a grupos económicos com interesses noutras áreas da economia. Já Vasco Graça Moura destacou a ética, a estética e a responsabilidade na forma de comunicar, lamentando porém o período em que vivemos em que a comunicação social vive uma época de voyeurisme e elitismo. Uma das críticas lançadas por Vasco Graça Moura foi ao papel da RTP, defendendo que a disputa que trava com as estações privadas tende a “nivelar por baixo os conteúdos que se proporciona”. Ambos os oradores concordaram no papel determinante que a comunicação social tem hoje, nomeadamente, em política, assumindo-se como o 4.º poder.

 

 

A aula da tarde foi da responsabilidade de Assunção Esteves, Presidente da Assembleia da República, que nos veio falar sobre “Ser Social-democrata no séc. XXI”. A oradora começou por fazer uma resenha histórica, apontando a Guerra Fria como marco da definição das fronteiras ideológicas e da afirmação de uma nova humanidade. Defendeu que um social-democrata do Século XXI deverá demonstrar uma abertura aos novos desafios que se avizinham, alertando para a existência de um poder cada vez menos soberano, mais antropocêntrico em que as pessoas são o último desígnio e não mais as instituições. Sustentou também para a existência actual de uma política global que exige um “network político”, sendo disso exemplo o Tratado de Lisboa, pelo método segundo o qual os parlamentos nacionais controlam a legitimidade da legislação europeia no respeito pelo princípio da subsidiariedade. Continuou dizendo que o social-democrata se deve preparar para os novos desafios globais, numa procura de soluções integradas para problemas, como as alterações climáticas, segurança, novas tecnologias, duplicidade de cidadania (pertença a um Estado de origem que nos define mas também à assunção de uma cidadania universal). Por fim, desafiou os jovens social-democratas a serem cidadãos do Mundo, a lutarem pela integração europeia, a contribuírem para a globalização da política e para o exercício de uma Democracia cosmopolita.

 

 

 

O Jantar-Conferência teve como convidado o antigo Presidente da República, o Dr. Mário Soares, que abordou três temas na sua intervenção; globalização, diálogo entre gerações e a situação política nacional. Começou por abordar a importância das novas tecnologias para a eclosão da globalização, alertando porém para a falta de regulação a que está votada. E, continuou dizendo que este é um problema que afecta todos os países à escala mundial, inclusivamente, economias emergentes como a China, a Índia ou o Japão. Relativamente ao diálogo entre gerações, reforçou a sua importância, nomeadamente, no contributo que representa para o enriquecimento cultural e político, para além de reforçar a coesão nacional. E, a propósito desta questão, aproveitou para partilhar com os alunos da Universidade de Verão algumas histórias do período de luta contra o salazarismo. Por fim, abordou a situação actual, defendendo que a crise que o país atravessa tem causas exógenas, e criticando veementemente os mercados, defendendo a sua premente regulação.