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Jantar-Conferência com o Ministro Nuno Crato

O primeiro Jantar-Conferência da Universidade de Verão teve a participação do Sr. Ministro da Educação e da Ciência, o Prof. Nuno Crato. Seguindo a tradição destes jantares da Universidade de Verão, a anteceder a intervenção inicial do Prof. Nuno Crato, o Director da Universidade de Verão lançou a primeira pergunta: se face ao difícil momento que atravessamos, se valerá a pena investir na Educação. Em resposta a esta questão, o Ministro da Educação afirmou peremptoriamente que a aposta na Educação é sempre uma prioridade, sendo a formação dos nossos jovens fundamental para o desenvolvimento do nosso país, uma vez que este se faz a partir da acção humana. Continuou dizendo que esta aposta na formação é factor de mobilidade social, conferindo liberdade perante as opções que a vida nos oferece. Esta ideia é  na sua opinião evidenciada por estudos econométricos que demonstram que quanto maior é a qualificação de um país, maior é o seu Produto Interno Bruto, como evidencia o sucesso alcançado por diversos países.

Prosseguiu dizendo que o alargamento da escolaridade mínima obrigatória, apesar de positiva, não é suficiente, e é fundamental apostar no combate ao insucesso e abandono escolar. Para além de que mais importante do que o tempo que passamos na Escola, é o que através dela aprendemos, que é o resultado da qualidade do ensino. Nesta senda, elegeu a aposta no melhoramento da qualidade do ensino como fundamental, nomeadamente através da estruturação dos currículos, dando o exemplo do 3.º ciclo que padece de uma sobrecarga de disciplinas. Isto porque, apesar de todas as áreas do conhecimento serem importantes, há que escolher as prioritárias, entre as quais estarão o Português e a Matemática, tal como o Inglês e as Ciências.

O Ministro Nuno Crato destacou a importância da avaliação, uma vez que se não formos avaliados, não somos desafiados a progredir. E a propósito desta problemática, afirmou que “o problema fundamental da Educação não é a avaliação dos professores”, tendo esta que ser feita, mas sendo sempre instrumental, e nunca o cerne da questão. Criticou o passado recente no que ao Ministério da Educação diz respeito, em que o paradigma era a passagem de ano e não a aprendizagem que era feita pelos alunos.

Sobre o Ensino Superior, o Ministro destacou a importância do ensino superior e do ensino técnico, realçando a sua autonomia e igual relevância, sendo ambos essenciais para o normal funcionamento da sociedade em que vivemos. Ainda acerca desta temática, abordou o problema das saídas profissionais, defendendo que há que racionalizar a oferta, dando sempre a possibilidade de cada um fazer a sua opção de acordo com a sua preferência e aptidão, desde que devidamente informado acerca da realidade do mercado de trabalho.

Por fim, abordou ainda a problemática da Ciência e da necessária interligação da investigação com o ensino universitário, modelo criado no séc. XIX, e que deve continuar a ser uma aposta. A investigação científica fundamental é inseparável da investigação científica aplicada. Rematando este ponto, citou uma frase comummente utilizada pelos físicos: “nada mais prático do que uma boa teoria”